segunda-feira, dezembro 03, 2018

"Last night a movie saved my life"

Hoje apercebi-me o poder que a música tem sobre mim e as minhas emoções.
Fui ao cinema ver "Bohemian Rapsody", acompanhada de um belo cartucho de pipocas. O filme em si não é nada de especial. O elenco foi bem escolhido, os actores são muito parecidos com os membros dos Queen mas em termos de representação e encadeamento da história não achei brilhante. Normalmente isso acontece quando se quer "encafuar" em 2 horas e pouco a história da vida de uma banda, parece que faltam bocados e o encadeamento transforma-se em retalhos cosidos uns aos outros de forma um pouco forçada.

À parte da análise racional, emocionalmente o filme maravilhou-me. Fez brotar em mim emoções de uma forma tão brutal que passei o filme entre o riso, as lágrimas e a pele de galinha. Mais de 2 horas nisto, saí de lá esgotada. 
Ora se o argumento do filme e a forma como foi filmado, assim como a performance dos actores, não foram nada de especial, a história por detrás de algumas das mais emblemáticas músicas deste grupo que ouvi na minha adolescência até à exaustão levaram-me a uma espécie de catarse. Dei comigo a ter vontade de bater palmas cada vez que acabava uma música, cantei baixinho (a minha vontade era cantar a plenos pulmões), emocionei-me genuinamente com a história daquele "paqui" que arrumava malas nos carrinhos do aeroporto de Heathrow e que chegou a vocalista de uma das bandas britânicas com mais sucesso do Mundo. Muitas vezes as lágrimas não me deixaram ler as legendas em condições. Desde a história de amor por trás de "Love of My Life" até à génese de "We Will Rock You", tudo contribuiu para um libertar de emoções que não sei bem de onde vieram. 
Só sei que me emocionei. Que me apercebi o quão longe tenho andado de mim, do meu gosto pela música e o quanto ela me faz falta para equilibrar e libertar emoções, boas e más, que muitas vezes insisto em reprimir. Que senti saudades de cantar a plenos pulmões, de ouvir música de olhos fechados e com os headphones nos ouvidos para sentir melhor cada nota e as emoções que me provocam. Senti saudades de me identificar com a letra das músicas, como se tivessem sido escritas para mim, como se me compreendessem. Senti saudades da cumplicidade que sinto com algumas músicas.
Com isto tudo percebi que muitos dos sentimentos que andei a reprimir (ou a não saber lidar com eles) poderiam ter ser libertados se eu tivesse voltado a ouvir música como fazia até há uns dois anos atrás. Realmente, a música é terapêutica. Não sei como é para as outras pessoas, mas para mim tem um efeito de catarse, de libertação, de revolta nas entranhas que me faz sentir mais leve. E eu estava tão esquecida disso, tão esquecida de mim.
Como cantaram (lá está!) os Indeep, "last night a DJ saved my life". Neste caso, foi um filme. 



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