terça-feira, setembro 16, 2008

Não há coincidências.Não...?

Eu costumava acreditar que não havia coincidências, que tudo acontecia por uma razão. Num dos cadernos que guardo religiosamente desde os meus 13 anos, uma espécie de diário mas em tamanho A4 (e que não sei se guardarei durante muito mais tempo), escrevi um texto sobre isso mesmo: que estar num determinado sítio a uma determinada hora é resultado de uma conjunção astral que possibilita um determinado acontecimento. Tipo, se eu não tivesse saído de casa àquela hora não tinha encontrado aquela pessoa e não tinha acontecido aquele beijo. Ui, acho que a minha adolescência foi feita dessas "coincidências", ou pelo menos eu sempre quis acreditar nisso. Mas isso foi lá atrás, há 15 anos... Será?

Nestes últimos tempos fui de novo assaltada por essa estranha sensação de não haver coincidências, estranhamente envolvendo as mesmas pessoas. Foi estranho, quase um regresso ao passado. E deixou-me melancólica, sem saber se me estava a sentir mal ou bem...

É muito aborrecido ter coisas mal resolvidas, porque basta uma pequena distracção para que o passado nos entre pela porta e nos deixe de cara à banda. Bem, mais ou menos, que a idade é outra e o jogo de cintura também. O que eu não estava a contar é que esta situação mexesse comigo, e isso incomoda-me um pouco, confesso.

Esta sensação de dejá vu apanhou-me de surpresa, pois não estava à espera que me tocasse ou me deixasse com um frio na barriga. Mas deixou. Grande m... O que vale é que a malta é crescida, e as cabeçadas servem para se aprender com elas. É por isso que eu digo "nunca" a alguns amigos que, com ar maldoso, fazem insinuações acerca destas "coincidências" que aconteceram neste curto espaço de tempo. É que o espaço de tempo é que me deixa a pensar!

De qualquer maneira, tenho que confessar, faz parte do ser "adulta", que até apreciei um pouco a situação. Apesar de ter sido apanhada um pouco de surpresa e me ter sentido com 15 anos, é bom sentir o frio na barriga mas com total controlo da situação. Ufa, ao menos isso, assim sempre se aprecia melhor a coisa!

Para ajudar à festa, ontem fui ver o "Mamma Mia" e a nostalgia apoderou-se totalmente de mim, justamente agora que a coisa estava controlada!! Malditos sejam os Abba e as suas músicas lamechas e tão surpreendentemente reais!

Acho que a culpa também é dos meus cadernos que guardo religiosamente debaixo da minha cama. Aposto que são esses desgraçados que estão a enviar-me mau feng shui durante a noite. Tenho mesmo que me desfazer deles; embora por um lado me custe porque são sete anos da minha vida que estão ali, descritos ao pormenor, por outro (já) não me identifico com a rapariga que escreveu aquilo (e ainda bem!) e custa-me ler aqueles textos porque parece que estou a viver novamente aquela situação, e isso assusta-me. Não sei mesmo o que fazer... Estava a pensar queimá-los na lareira da minha casa, quando me mudar para lá, tipo um ritual de corte radical com o passado, corte que eu pensava que já tinha feito mas que, pelos vistos, não fiz. Mas e se me arrependo? E se daqui a outros 15 anos eu os quiser voltar ler e voltar a sentir aquele turbilhão de emoções? Realmente é triste, preciso de recorrer aos meus diários para sentir um turbilhão de emoções... Bem dizia uma amiga minha, é preferível sentir dor do que não sentir nada.