quinta-feira, setembro 13, 2012

"Enough is enough"

"O Grito",  Edvard Munch
Já lá vai um tempinho desde que escrevi o meu último post mas hoje senti uma necessidade enorme de escrever. Inspirada por uma entrada no facebook de uma rapariga que não conheço mas cujo texto anda a circular pelos perfis dos meus amigos "facebookianos", senti uma vontade imensa de também dar asas à minha indignação.
Olho para a minha vida e, se há uns anos eu podia dizer que tinha uma vida desafogada, agora posso dizer que assisti a um retrocesso. Obviamente que não passo fome nem necessidades de espécie alguma, mas com o passar do tempo uma pessoa costuma melhorar de vida, é suposto evoluir, não? Pois eu, de há uns anos para cá, vejo a minha vida piorar. Vejo os subsídios de natal e férias desaparecerem, vejo o meu ordenado ser reduzido, as minhas obrigações fiscais a aumentarem assim como a água, luz, gás, gasolina. Há 8 anos eu dizia "ganho bem", neste momento digo "dá para me remediar". Não deveria ser ao contrário?
A única vez que participei numa manifestação foi há 20 anos, contra a já extinta Prova Geral de Acesso ao ensino superior. Na altura não me afectava directamente, eu andava no 8º ano, mas sempre era mais uma para "fazer número". Segurei nas faixas que os alunos finalistas fizeram e corria pela Avenida da Liberdade a fugir à polícia, que tentava dispersar os manifestantes para que os carros pudessem voltar a circular.
No sábado, passados estes anos todos, vou voltar a participar. Sim, desta vez vou sair para a rua e gritar basta!, que já chega de serem sempre os mesmos a pagar, que já chega de roubar aos pobres para dar ao ricos. Porque desta vez, ao contrário de há 20 anos atrás, toca-me a mim, porque desta vez eu sinto na pele a razão pela qual tenho que gritar. E não vou só por mim! Vou por todos aqueles que vivem na miséria à custa do "fartar vilanagem" em que os nossos governantes têm vivido, mandato atrás de mandato. Vou por todos aqueles que, tal como a minha família, nunca viveram acima das suas possibilidades mas estão a pagar como se o tivessem feito. Estão a dar cabo do nosso país e nós não podemos assistir impávidos a este estrangular da nossa economia, do nosso estado social (qual estado social?), à constante deterioração das condições de trabalho (e sortudos daqueles que o têm!). Não podemos aceitar este castigo sem nada fazer, sem reclamar. Temos que gritar "Basta!"
Sei que de nada irá servir, o "nosso" (meu por imposição) PM  já veio dizer que não recua em nenhuma das decisões tomadas; mas pelo menos limpo a alma e indigno-me juntamente com milhares de outras pessoas, e pode ser que esta indignação faça acontecer alguma coisa, boa ou má. Estou cansada de me indignar em silêncio, desta vez quero gritar. Desta vez quero mesmo mostrar a minha indignação. Não posso deixar que me "vão ao bolso", que me tirem o dinheiro que eu ganho honestamente e nada dizer.
Costumo dizer isto muitas vezes, cada vez com mais convicção: os Maias é que a sabiam toda. Diziam que o mundo, tal como o conhecemos, acaba a 21 de Dezembro de 2012. Cada vez mais acredito que é verdade. Não digo que vai haver uma catástrofe natural que acabe com a vida na Terra, mas acho que vai haver uma grande mudança. Tem que haver. Porque assim não dá para continuar. Já chega. Ou vai ou racha.