domingo, outubro 14, 2007

Sem título


Sem título ou sem palavras, não sei bem... Há sentimentos que me revolvem as entranhas mas que são difíceis expressar.
Ponho-me a pensar na vida, na vida como existência, e muita vezes pergunto-me: para quê? ou então, porquê? Desde pequenos, aqueles que tiveram uma educação católica, fomos incutidos com a ideia de que Deus é um velhote de barba e túnica brancas e que a Sua bondade é infinita. Mas depois ligamos a televisão e vemos terramotos que fazem milhares de vítimas, entre elas crianças, vemos inundações levar os poucos haveres pertencentes a famílias pobres. E às vezes, infelizmente, vemos bem perto de nós pessoas a lutarem pela vida, muitas vezes uma luta desigual que acaba com a derrota. E é aí que me pergunto: para quê? Para quê tanta luta, tanto esforço, tanto sofrimento? E porquê? Porque é que o velhote de barba branca, na Sua imensa bondade, permite estas situações? Há tanta gente a pedir para morrer e continua a viver, há tanta gente a pedir para viver e acaba por morrer - há aqui qualquer coisa que não está bem...
Em certas situações dizemos "foi melhor assim" ou "já viveu uma boa vida, está na hora de descansar"; mas agora não posso dizer isso. Não, não foi melhor assim; não, não estava na hora de descansar, ainda tinha toda a vida pela frente. Então porquê?

Queria dizer muita coisa mas não sei o quê nem como. Apenas queria manifestar a minha revolta. Não posso dizer que perdi um amigo porque nunca privei muito com ele mas privo com pessoas que o conheciam bem, e vejo o sofrimento delas. Sei que ele era uma pessoa boa. E que era jovem. E que estava a lutar pela vida.
Infelizmente sei o que é o vazio da ausência. Sei o que é não ter o cliché "estava na hora, já tinha vivido tudo" para nos confortar. E custa muito mais. Porque nos perguntamos constantemente: porquê?
Por isso é que não sei o que dizer. Porque sei que nada do que se diga alivia a dor. Apenas posso dizer que o tempo tudo cura. E que as pessoas só morrem se nós deixarmos; elas continuam vivas no nosso coração e no nosso pensamento.