quinta-feira, dezembro 11, 2008

Do they know it's Christmas time?


É verdade, estamos quase no Natal... Não sei se é bom ou mau, uma vez que parece que o Natal foi ontem. O tempo voa a uma velocidade supersónica...

Não sei se fruto de toda esta conjuntura depressiva provocada por uma dita "crise" (que alguns insistem em dizer que é como o Pai Natal, isto é, não existe), eu, que até gosto do Natal, este ano estou assim a modos que coisinho... Fiz a àrvore de Natal anteontem e, sinceramente, foi um frete. Em 30 anos de vida, este foi o primeiro Natal em que foi um frete fazer a árvore. Não sei o que se passa mas acho que é geral. No laboratório, em 8 anos que lá estou, é o primeiro ano em que não há enfeites de Natal nas salas, nem o famoso pinheiro de Natal à entrada.

Isto está a deixar-me preocupada: estaremos todos à beira da depressão?

Já há iluminação de Natal nas ruas mas ainda não ouvi a música. As luzes parece que não iluminam nada, isto está muito esquisito.

A única coisa que me anima neste Natal é mesmo o facto de ter férias e poder estar com aquelas pessoas que não vejo há séculos! Estou deserta para que chegue a semana do Natal para poder tomar o tal "banho de gente". É que este Fundão está morto; não se passa nada, os bares fecham e até o English, o nosso local de paragem (outrora) obrigatório ao fim de semana vai encerrar as portas (ainda hei-de fazer um post sobre o English, merece!)...

Tenho esperança (porque o Natal é tempo de esperança) que as coisas melhorem, que as pessoas e a economia mundial se animem, porque este clima depressivo está a começar a mexer comigo. No nosso cantinho do céu no laboratório, a insanidade impera e a boa disposição também, valha-me ao menos isso, mas não é o suficiente. There is someting in the air... Estou a ficar deprimida, é melhor parar por aqui. Melhores dias virão. Espero que já amanhã...


terça-feira, setembro 16, 2008

Não há coincidências.Não...?

Eu costumava acreditar que não havia coincidências, que tudo acontecia por uma razão. Num dos cadernos que guardo religiosamente desde os meus 13 anos, uma espécie de diário mas em tamanho A4 (e que não sei se guardarei durante muito mais tempo), escrevi um texto sobre isso mesmo: que estar num determinado sítio a uma determinada hora é resultado de uma conjunção astral que possibilita um determinado acontecimento. Tipo, se eu não tivesse saído de casa àquela hora não tinha encontrado aquela pessoa e não tinha acontecido aquele beijo. Ui, acho que a minha adolescência foi feita dessas "coincidências", ou pelo menos eu sempre quis acreditar nisso. Mas isso foi lá atrás, há 15 anos... Será?

Nestes últimos tempos fui de novo assaltada por essa estranha sensação de não haver coincidências, estranhamente envolvendo as mesmas pessoas. Foi estranho, quase um regresso ao passado. E deixou-me melancólica, sem saber se me estava a sentir mal ou bem...

É muito aborrecido ter coisas mal resolvidas, porque basta uma pequena distracção para que o passado nos entre pela porta e nos deixe de cara à banda. Bem, mais ou menos, que a idade é outra e o jogo de cintura também. O que eu não estava a contar é que esta situação mexesse comigo, e isso incomoda-me um pouco, confesso.

Esta sensação de dejá vu apanhou-me de surpresa, pois não estava à espera que me tocasse ou me deixasse com um frio na barriga. Mas deixou. Grande m... O que vale é que a malta é crescida, e as cabeçadas servem para se aprender com elas. É por isso que eu digo "nunca" a alguns amigos que, com ar maldoso, fazem insinuações acerca destas "coincidências" que aconteceram neste curto espaço de tempo. É que o espaço de tempo é que me deixa a pensar!

De qualquer maneira, tenho que confessar, faz parte do ser "adulta", que até apreciei um pouco a situação. Apesar de ter sido apanhada um pouco de surpresa e me ter sentido com 15 anos, é bom sentir o frio na barriga mas com total controlo da situação. Ufa, ao menos isso, assim sempre se aprecia melhor a coisa!

Para ajudar à festa, ontem fui ver o "Mamma Mia" e a nostalgia apoderou-se totalmente de mim, justamente agora que a coisa estava controlada!! Malditos sejam os Abba e as suas músicas lamechas e tão surpreendentemente reais!

Acho que a culpa também é dos meus cadernos que guardo religiosamente debaixo da minha cama. Aposto que são esses desgraçados que estão a enviar-me mau feng shui durante a noite. Tenho mesmo que me desfazer deles; embora por um lado me custe porque são sete anos da minha vida que estão ali, descritos ao pormenor, por outro (já) não me identifico com a rapariga que escreveu aquilo (e ainda bem!) e custa-me ler aqueles textos porque parece que estou a viver novamente aquela situação, e isso assusta-me. Não sei mesmo o que fazer... Estava a pensar queimá-los na lareira da minha casa, quando me mudar para lá, tipo um ritual de corte radical com o passado, corte que eu pensava que já tinha feito mas que, pelos vistos, não fiz. Mas e se me arrependo? E se daqui a outros 15 anos eu os quiser voltar ler e voltar a sentir aquele turbilhão de emoções? Realmente é triste, preciso de recorrer aos meus diários para sentir um turbilhão de emoções... Bem dizia uma amiga minha, é preferível sentir dor do que não sentir nada.

domingo, julho 06, 2008

Há 15 anos atrás...


"Era uma vez uma menina. Uma menina normal, não daquelas que tocam piano, usam vestidinhos e trancinhas, e que fazem crochet à hora do chá. Essa menina tocava guitarra, vestia calças de ganga e sapatilhas, usava o cabelo comprido e solto, e à hora do chá lia livros de aventuras.

Essa menina estava apaixonada. Uma paixão normal, não daquelas em que se faziam serenatas, e em que era o homem que tomava a iniciativa, e em que se cora e se baixam os olhos que ele a olha, e em que não se diz o que se sente. Uma paixão em que é ela que toma a iniciativa, em que quando ele a olha, ela olha nos olhos dele, bem fundo, e em que ela diz o que sente.

Esse menino de quem ela gostava era uma menino normal. Não daqueles que toca violino, que quer um cavalo e uma limusine, e que faz companhia às senhoras enquanto elas bebem chá e comem bolinhos. Esse menino também tocava guitarra, também usava calças de ganga, queria uma mota e ao lanche bebe Coca-Cola e come uma tosta mista ou um bolo na companhia dos amigos e amigas.

Um dia, essa menina disse ao menino que amava tudo o que sentia. Disse por palavras, frases, gestos expressões, e não por carta em papel muito bonito e perfumado, escrita com uma pena de pato, ao luar, entre muitos suspiros.

O menino olhou-a nos olhos e disse que não a amava. Que apenas gostava dela como amiga mas que talvez um dia sentisse algo mais forte.

A menina gostou da franqueza com que ele disse o que sentia. E quando chegou a casa chorou. Chorou e libertou o coração do sofrimento que sentiu quando as palavras brotaram dos lábios dele como penas e atingiram o coração dela como facas e que a puseram a sangrar por dentro.

O menino gostava (gostava, não amava) de outra menina que também usava calças de ganga mas que tinha a mentalidade das meninas que fazem crochet à hora do chá.

Hoje, ele namora com essa menina e a outra menina está a sofrer, e o coração sangra, e está seco de tanto sangrar.

Outros meninos e meninas que são amigos do menino e da menina que o ama dizem à menina que vale a pena esperar, que ele sente algo pela menina que não quer sentir ou que não sabe que sente.

E neste momento, a menina que usa calças de ganga e sapatilhas, que usa cabelo comprido e solto, que toca guitarra e lê livros de aventuras à hora do chá sente-se tão fraca como as meninas que usam vestido, tranças e fazem crochet à hora do chá e que tocam piano para os amigos dos pais.

E o amor que a menina sente pelo menino é tão puro, tão forte que não vai ser destruído pela outra menina, pelo tempo ou pela distância.

E ainda agora, a menina que usa calças de ganga e sapatilhas e que tem longos cabelos encaracolados está à espera do amor que há-de vir a nascer no coração do menino que ela ama. E quando esse amor nascer, há-se ser tão forte, tão sólido, tão puro que nada nem ninguém (nem mesmo a outra menina das calças de ganga) o vai destruir... Porque o amor, tal como a esperança, não morre..."

??/??/1993