domingo, dezembro 27, 2009

2009, o ano do Aquário. E 2010?...

E pronto, está passado o Natal. Os neurónios natalícios lá deram um arzinho da sua graça, a neve ajudou um pouco, e consegui sentir o Natal. Confesso que estava a ficar assustada com a perspectiva de passar pelo Natal como "cão por vinha vindimada", que é como quem diz, com indiferença.
Agora vem a azáfama da passagem do Ano. Diziam os profissionais da astrologia que 2009 era o ano do Aquário, que coisas maravilhosas iriam acontecer, a todos os níveis. Não me posso queixar de 2009, mas, como boa aquariana, estava à espera de um ano assim recheadinho de coisas altamente espectaculares com as quais nem me atreveria a sonhar! Realmente 2009 foi melhor que os anos anteriores: fiz novos amigos, reforcei amizades antigas, fui a sítios a que nunca tinha ido, passei fins de semana espectaculares; até que foi um ano recheado mas não senti, sinceramente, que fosse "O" ano do Aquário. Talvez porque tenha nascido no primeiro dia do signo, e com o reforço do meu ascendente Capricórnio, eu não seja uma aquariana pura. Agora que penso nisso, tendo em conta que demorei quase 3 dias para nascer, eu até seja mais capricorniana que aquariana...
Como sempre, olho para o Ano Novo como um caderno em branco, no qual poderei escrever o que me apetecer, ou então fazer desenhos, ou jogar ao galo. Um ano que começa é quase como um "renascer", é ter a possibilidade de não cometer os mesmos erros (há tantos erros à disposição...) e de aprender com eles. É crescer mais um pouco, é ter novos objectivos e ter vontade de os concretizar.
Este ano, as previsões dos profissionais de astrologia vão na mesma direcção: para os nativos de Aquário, 2010 será "ano de concretizações", "colher frutos do que se iniciou em 2009", "boas perspectivas financeiras e de carreira profissional". Podem ser balelas, mas que dão alento, lá isso dão! De facto, este ano pode não ter sido o que eu estava à espera, posso não ter concretizado sonhos antigos, mas sinto que mudei como pessoa; sinto que cresci em muitos aspectos, sinto que encaro as coisas de maneira diferente.
Por isso, quando soarem as doze badaladas no dia 31 de Dezembro, estarei rodeada de bons e grandes grandes amigos, pronta para receber o Novo Ano, com tudo o que de bom e mau (se tiver que ser) que ele trouxer. Acima de tudo, espero que 2010 me traga aquilo que preciso, pois muitas vezes aquilo que queremos não é bem aquilo que precisamos.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Natal, Natal, Natal, Natal...

E pronto, cá estou eu de volta. A decisão foi tomada, bem ou mal, a dúvida já não me come as entranhas. Uma sensação de alívio invadiu-me o espírito e a minha cabeça voltou a encher-se de coisas mais interessantes. Enfim, liberdade!!


Estamos quase no Natal. Este ano passou a uma velocidade estonteante; ainda ontem estávamos a comemorar a passagem do ano e hoje estamos a uma semana do Natal...
Ainda não decidi se gosto ou não do Natal. Quer dizer, gostar até gosto. No Natal costuma estar frio e eu adoro o frio que nos faz ficar com as bochechas e o nariz vermelhos; adoro as luzes de Natal que iluminam as cidades, a música natalícia que se ouve na rua, o constante vai-e-vem das pessoas que compram as últimas prendas. Gosto de todo o ritual da preparação da consoada, a escolha da ementa, o decorar da sala. Adoro de acender a lareira (como eu gosto de lareiras...), ficar a olhar para o fogo, quase hipnotizada pela dança das chamas. Mas não sei se gosto do Natal em si, da véspera, do dia. A família que se junta pelo Natal é pequena, não há crianças, a noite passa assim quase como uma noite normal, com a diferença da ementa, do serviço de mesa, do local da refeição (trocamos a cozinha pela sala). E sinto-me sempre melancólica. Invariavelmente penso nos meus futuros natais...
O dia de Natal é um tédio, a televisão passa filmes que todos os anos são "estreias" (quantas vezes teremos visto "Música no Coração", "Sozinho em casa" e todas as sequelas, "Shrek" e por aí fora), e pronto, está o Natal passado.
Este ano ainda não decorei a árvore de Natal. Costumo fazê-lo no dia 8 de Dezembro, é uma espécie de ritual, mas este ano não se proporcionou e a vontade também ainda não apareceu. Conto que até 5ª feira ela apareça, se não vai mesmo sem vontade.
A par do "desleixo" em relação à decoração da árvore, também as prendas estão atrasadas; costumo ter as prendas compradas por altura do 8 de Dezembro, mas desta vez ainda me faltam, deixa lá ver... todas! Conto tratar disso durante os próximos dias, se não vou chegar à véspera sem um único presente para oferecer.
Este ano nem me lembro de desejar boas festas às pessoas; vou a uma loja e só quando a empregada educadamente me deseja "boas festas" é que eu me apercebo que estamos no Natal.
Não sei que se passa este ano, mas cheira-me que deve ter a ver com a malvada gripe, que tanto stress me provocou e que deve ter feito com que os meus neurónios "natalícios" tenham tirado férias. Espero que regressem ao activo rapidamente, de preferência antes da véspera de Natal.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Aviso aos leitores


Alguns dos leitores deste blog têm-me questionado acerca do meu silêncio. Achei por bem passar por aqui para me justificar perante vós, que afinal são quem dá sentido a este cantinho "à beira-net plantado".

Não tenho escrito porque para escrever é preciso ter as ideias em ordem (e daí talvez não...) e neste momento apenas uma coisa me ocupa a mente (infelizmente), coisa essa da qual não quero falar mais para não vos maçar, e que começa com um "g", termina com um "A" e tem no meio, dispostas aleatoriamente, as letras "ripe".

Por isso, para que este blog não se transforme num "newsletter" concorrente do Gripenet, abstenho-me de escrever enquanto não tomar uma determinada decisão acerca do tal assunto tabu.

Espero que compreendam e que tenham paciência, em breve voltarei a escrever, de preferência com a cabeça cheia de outras coisas.


Como (muito bem) disse Miguel Esteves Cardoso, "qualquer decisão, por muito estúpida, é mais benéfica do que a dúvida mais inteligente." Realmente a indecisão come uma pessoa por dentro...

terça-feira, setembro 29, 2009

"I think I'm broken. Can you fix me...?"


Sempre tive um certo fascínio pelo karma. Escrevi posts sobre isso, sobre a sua influência inabalável na vida de uma pessoa; depois achei que se calhar até podia reverter um mau karma (que sempre achei que tinha) e comprei um livro sobre isso. Li o livro, achei-o muito interessante, tentei pôr algumas das "dicas" em prática mas é tudo muito bonito, do ler ao fazer vai uma grande distância.
Agora acho que estou "noutra fase da minha vida" e já mudei um pouco a minha ideia sobre esse tema. Em conversa com uma amiga psicóloga (conversa esta que já decorreu há uns bons meses) em que falávamos sobre acontecimentos/comportamentos repetitivos na vida de uma pessoa, ela deitou por terra a minha teoria do karma. Segundo ela, todas as situações que nos parecem quase um dejá vu não se devem a nenhuma entidade como o karma, mas sim a erros repetitivos de comportamento. Na altura tentei esgrimir argumentos com ela (cheguei à conclusão que não é fácil esgrimir argumentos com uma psicóloga) e disse-lhe que não podia ser, que tinha que haver alguma entidade superior que nos empurrasse para aquelas situações, que estava escrito algures nas estrelas ou em qualquer outro corpo celeste que uma determinada pessoa estava "condenada" a uma vida de fracasso profissional ou emocional. Ela manteve-se fiel à sua teoria: erros comportamentais repetitivos.
Não voltei a pensar nisso, ela que "fique com a bicicleta", o karma é que tem culpa e a resignação é o que nos resta. Mas agora que penso nisso (o tempo de chuva dá-me para isto, a melancolia começa a surgir...) tenho que dar alguma razão à minha amiga psicóloga. Realmente é muito mais fácil pôr as culpas no karma quando alguma coisa não corre como nós queremos, é difícil olharmos para dentro de nós e descobrir que afinal a causa de todo o sofrimento por que passamos somos nós próprios. É difícil porque supostamente seria muito mais fácil acabar com esse sofrimento, afinal se somos nós que o provocamos, é só querermos e acabamos com ele; muito mais simples do que seria se a causa fosse algum agente externo, fosse ele terreno ou celeste. Mas o problema reside precisamente aí: porque é que, se somos nós a causa de todo o sofrimento por que passamos, não conseguimos acabar com ele?
Claro que tenho uma resposta para isso, mas envolve forças ocultas e invisíveis, e acabamos por voltar ao mesmo... De qualquer maneira, acho que maus pensamentos atraem coisas más; se uma pessoa é um fracassado profissional, vai ter sempre uma atitude derrotista e essa atitude vai atrair ainda mais fracasso. Não é à toa que quando nos sentimos bem, parece que as coisas boas vêm todas ter connosco. A atitude com que enfrentamos a vida dita, em certa parte, o rumo que esta toma.
É evidente que nem sempre se consegue ter uma atitude positiva para com a vida quando esta insiste em não correr da forma que nós desejaríamos, é o efeito "bola de neve" e quebrar esse ciclo vicioso é tramado. Mas há que conseguir. A bola de neve também se desfaz quando bate numa pedra. O facto de termos tido uma indigestão depois de comermos uma feijoada não significa que cada vez que comermos uma feijoada vamos ter uma indigestão.
Acho que o meu comportamento repetitivo é pensar que consigo "arranjar pessoas estragadas" por algum acontecimento menos bom nas suas vidas . Devo pensar que tenho uma espécie de "toque de Midas" ou de dedo terapêutico do E.T. e que consigo acabar com o sofrimento de uma pessoa. É quase como se pensasse que posso mudar o Mundo, acabar com a guerra e com a fome e com a pobreza e com a solidão. E quanto mais "estragada" uma pessoa está, mais eu me empenho em "arranjá-la". Claro que esse empenho não é recompensado, eu não sou uma "mecânica de pessoas" e não consigo "arranjá-las". Acabo por me afastar e resignar-me a aceitar mais um falhanço na minha missão de "arranjar pessoas".
E chego à conclusão de que eu própria sou uma "pessoa estragada"; o meu comportamento repetitivo é tentar arranjar "pessoas estragadas" porque eu própria quero ser "arranjada". Sei que isto é um pouco rebuscado, mas faz algum sentido. Ou não faz?

Parafraseando (que bela palavra!) Carlos Drummond de Andrade, "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

domingo, setembro 27, 2009

A "provavelmente melhor noite do ano"!


Este post poderia ter o título alternativo "A todos os que marca(ra)m a minha vida" mas seria um título muito melodramático e piroso, embora o facto de não ser esse o título não impeça que o próprio post seja melodramático.
Não, não é uma despedida das lides bloggistas; eu gosto de escrever, sempre gostei, e de facto alivia a alma. Às vezes a fluidez na escrita é muito maior que a fluidez na fala; talvez seja um "aliviar de alma" cobarde mas serve.
É Domingo, mais um Domingo depois de um fim de semana cheio, e mais uma vez a sensação de vazio apodera-se de mim. É o ver partir os amigos, aqueles que marcaram e que fazem parte da minha vida, e sentir um aperto no estômago. Mas já me vou habituando, a vida é feita disto mesmo, de partidas e regressos; e enquanto existirem regressos estamos nós bem.
Fui à praia (mais uma vez), senti a areia nos pés, a àgua salgada a bater nos tornozelos e o sol a queimar na pele. A última vez este ano. E talvez por isso tenha sentido isso tudo de uma maneira diferente.
A noite foi mais uma vez animada, as pessoas fazem a festa quando estamos com quem nos sentimos bem. Foi uma noite completamente improvável, como diria uma amiga minha, "uma noite completamente sinceramente!"; acabámos a noite (ou começámos o dia?) numa pastelaria chamada "Flor de Cantanhede" (porque será que em todas a terras há uma pastelaria/padaria chamada "Flor do/a/e (nome da terra)"?) a comer sandes de fiambre em pão quentinho acabadinho de sair do forno, acompanhados com o motivo da nossa deslocação a Cantanhede: nada mais nada menos que o próprio Fernando Alvim!!
Acho que são estes momentos que nos marcam, este partilhar de experiências, o rir e chorar juntos. Olhei para as pessoas que estavam na mesa, algumas já as conheço há mais de uma década, outras conheço-as há menos tempo mas já fazem parte do grupo de "pessoas que marcaram a minha vida", e senti-me bem. Senti-me unida a elas, cúmplice naquele momento que partilhávamos, já ao raiar do dia.
Realmente não são só os momentos que nos marcam, as próprias pessoas também o fazem, muitas vezes sem o saberem. Quantas vezes não teremos nós marcado a vida de alguém sem sabermos, quantas vezes não teremos sido motivo de alegria ou de tristeza (faz parte da vida...), quantas vezes não teremos sido o último pensamento de alguém antes de adormecer ou o primeiro ao acordar. Muitas vezes não temos noção do impacto que temos na vida das outras pessoas, a importância que elas nos dão, a importância que elas próprias têm para nós. Se tivéssemos essa noção, talvez déssemos mais importância a nós próprios e talvez fizéssemos mais para sermos merecedores dessa importância.
Não é fácil exteriorizar sentimentos, ao expormos assim o nosso interior sentimo-nos mais fragilizados e com maior tendência para ferir quem se atrever a espreitar.No entanto, acho que não há que ter medo dessa exposição, pois não é vergonha nenhuma mostrar preocupação e carinho por alguém. Nós somos animais sociais, temos que ter contacto humano; é claro que muitas vezes esse contacto magoa, mas não podemos ter medo dele, nem todo o contacto termina em ferida.
Muitas vezes não é fácil lidar com essa importância que os outros nos dão, temos alguma tendência para "não ligar nenhuma" e deixar andar, "logo lhe passa". Erro crasso. Nunca devemos deixar ao "Deus dará" um sentimento como esse, se alguém nos dá importância devemos pelo menos ser merecedores dela; isso não significa que retribuamos, mas que ao menos não a ignoremos.
Dei conta disto este fim de semana; tenho uma certa tendência para não mostrar o que sinto e sempre pensei que "era problema meu", que ninguém se ia importar. Mas não; as pessoas importam-se, as pessoas vêem para além da pele, espreitam para o nosso interior; pelo menos aquelas que marcam a nossa vida todos os dias. Este fim de semana aprendi também que é preciso não ter medo de falar com essas pessoas, que mesmo que aquilo que tenhamos para dizer até as possa magoar vamos sempre ter importância para elas. É por tudo isso que elas nos marcam. Todos os dias. Toda a vida.

P.S. - Talvez este texto esteja um pouco confuso, mas tendo em conta as singelas 4 horas de sono que tenho em cima, é fácil perceber que fluidez é coisa que neste momento não existe nas minhas circunvalações cerebrais. Mas (acho que) o contéudo está lá.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Vírus "travestido"?


Telejornal de hoje: "A primeira vítima mortal do vírus da gripe A H1N1 morreu de infecção bacteriana generalizada". Ou seja, a primeira vítima mortal do H1N1 não morreu da infecção por H1N1. É de mim, ou há nesta notícia uma certa bipolaridade...? Ou será que o vírus H1N1 já ascendeu à condição de bactéria?
Esta notícia irritou-me. Não sei porquê, mas fiquei mesmo irritada. A comunicação social tem como papel informar a sociedade, não "desinformá-la", que é o que parece que estão a fazer.
A história da "primeira vítima mortal do vírus H1N1": emigrante em França, transplantado renal há 14 anos, começa a fazer rejeição do orgão. Desenvolve uma infecção abdominal grave, que degenera em pneumonia. É internado na UCI do hospital de S. João do Porto, onde estão internados doentes com gripe A; o que acontece? Apanha gripe A. Passados uns dias, acaba por morrer. De quê? De gripe A. E a tal infecção abdominal grave que o levou à UCI? Não tem nenhum papel? Não, o mau da fita é o H1N1. Vamos todos encharcar-nos de Tamiflu e imunizar-nos com vacinas feitas "à pressão" para que o mauzão do vírus H1N1 não nos faça mal.
Vem a ministra da Saúde fazer o anúncio da primeira morte causada pelo vírus H1N1; logo a seguir há uma conferência de imprensa no S. João, onde a responsável pela UCI desmente que a causa da morte tenha sido a infecção pelo H1N1, tendo sido a infecção bacteriana generalizada (septicémia) a responsável pela falência dos orgãos do paciente.
Até aqui tudo bem, é necessário fazer autópsia para saber em concreto a causa da morte de uma pessoa, e quando a ministra fez o anúncio ainda não estaria na posse de todas as informações (digo eu...). Mas a partir do momento em que a responsável da UCI do S. João vem a público esclarecer quais as causas da morte, porque é que esta notícia continua a ser dada sob o cabeçalho "Gripe A"? Por acaso a televisão tinha o som baixo, mas se calhar a notícia foi mesmo dada como uma amiga minha sugeriu: "imagino que foi dito bem alto: "A 1A VITIMA MORTAL DO VIRUS DA GRIPE A MORREU ... (e depois num tom mais baixinho) de infecção bacteriana generalizada"...". Já está claro que não foi o vírus H1N1 que matou o senhor, por favor tirem aquele cabeçalho quando falam neste caso. O senhor morreu de uma septicémia, coisa que acontece a milhares de pessoas no Mundo. Não alarmem as pessoas. Chamem as coisas pelos nomes.
Vírus e bactérias não são a mesma coisa, embora a maneira como as notícias estão a ser dadas assim dê a entender. Infecção bacteriana generalizada provocada por um vírus? Qualquer dia vêm dizer que os antibióticos é que são bons para matar o H1N1, qual Tamiflu qual carapuça. E com jeitinho basta encher uma malga com água e um punhado de sal, deixar à cabeceira da cama durante 3 dias e depois deitar essa água pela cabeça abaixo, repetindo três vezes "viruzinho, viruzinho, vai para aquele vizinho!" para ficarmos imunes a todas as maleitas. Claro que pode dar-se o caso de o H1N1 ter-se "travestido" para bactéria, porque a vida dos vírus é uma seca, as bactérias são muito mais fixes, pelo menos são mais complexas e têm metabolismo e não precisam de outras células para se reproduzirem, enquanto que os vírus não passam de uns pedaços de RNA ou DNA com uma cobertura sem graça. Aí sim, acredito que o vírus H1N1 "travestido" para bactéria tenha causado a tal "infecção bacteriana generalizada".

domingo, setembro 20, 2009

Banda Summer Sessions End 09 ou "E pronto, já se foi o verão..."


Parece que o final do Verão já lá vem. E como sempre, os Chocalhos marcam essa viragem no calendário das estações do ano. Este ano com uma variante: a câmara municipal pôs à disposição dois autocarros gratuitos para transportar os "chocalheiros" até Alpedrinha, evitando assim os engarrafamentos provocados pelos "transumantes" que pretendem estacionar. Ou não... Foi giro ir no autocarro; estive uma hora na paragem à espera porque já não tinha lugar no autocarro das 23h e quando finalmente embarcámos, ia cheio de putos com litrosas na mão e uma grande dose de imaturidade (própria da idade) que se manifestava nos gritos e atitudes, claro está, imaturas.
Quando lá chegámos, lá levámos o famoso "banho de gente"; conversa-se com este e com aquele, encontram-se pessoas que não vemos há anos.
Mas este ano, a despedida do Verão teve outro requinte: teve direito a festa com DJ e tudo! A Banda Summer Sessions End 09 foi uma séria concorrente do Sasha Summer Sessions, mas em bom! Houve anjos de asas negras, bailarinas insufláveis com saias havaianas, karaoke, música dos anos 70, 80 e 90, comida e bebida com fartura, plumas e máscaras, cenas sado-maso com "pom-pons" de fitas prateadas, D'Artacão, Tom Sawyer e Michael Jackson, acantonamento na sala de jantar com colchões tripartidos e sacos cama, almoço ao som de música pimba. Só faltaram mesmo os anões, os cavalos e os homens nus!
O Verão foi tão em cheio que mereceu uma despedida em grande; é o adeus dos (muitos) dias passados na praia, das "bolas de berlim da d. Aurora, que têm o creme por dentro e o açucar por fora!", dos gelados de bola a pingarem para cima da roupa, do sol a queimar até às 19h, do cheiro a protector solar, do cheiro a mar, do cheiro a férias.
Foi boa, a despedida, embora as despedidas, por norma, não sejam boas. Fica sempre a saudade, mas como dizia Gabriel García-Márquez, "não chores porque acabou, sorri porque aconteceu". E eu sorrio a este Verão, que foi cheio de sol, mar, bolas de berlim, amigos e noites divertidas, sorrio com os dentes todos que tenho na boca e com a esperança que mais verões assim virão.
Agora fica o vazio do Outono, a estação mais melancólica das quatro estações; é o adormecer da Natureza, como se o Verão fosse hibernar para ganhar forças. E espero que para o ano que vem o Verão venha com energia renovada e que seja pelo menos tão bom quanto este.

P.S. - Rai's partam os Domingos, principalmente depois de um fim de semana tão cheio como este, um daqueles fins de semana que quando acabam deixam uma sensação de vazio e a triste percepção de que aqueles de quem gostamos e com quem nos sentimos bem estão longe.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Aaatchiim! (óinc)


Agora que entramos em contagem decrescente para o fim do verão (e ainda agora chegou o verdadeiro verão…) e a euforia das férias começa a dissipar-se, as pessoas começam a “cair na real” e a aperceber-se do caos que se aproxima: a época da gripe.
Portugal é um país de “épocas”: é a época dos incêndios, é a época da caça, é a época da gripe. Qualquer dia fazem-se cerimónias da abertura da época dos incêndios e da gripe, penso que em relação à caça haverá um qualquer ritual que marca o início da, claro está, época da caça.
Apesar de estar atenta a toda esta problemática da gripe A H1N1 (anteriormente conhecida como “gripe suína” e que por isso levou à chacina de milhares de animais sem que os desgraçados tivessem alguma coisa a ver com a transmissão da doença. Agora que penso nisso, realmente as pessoas sem hábitos de higiene são, em teoria, as que mais probabilidades têm de contrair a doença, uma vez que a lavagem frequente das mãos parece ser uma forma de evitar o contágio; às tantas o nome não seria assim tão despropositado…), nunca pensei muito a sério nisto e não alterei hábitos de vida como ir ao cinema, ir jantar fora, ir a um bar. Só alterei o modo de espirrar, o meu braço é agora o feliz contemplado que recebe as ditas “gotículas” que podem transmitir o vírus; de resto, tenho feito a minha vida normal, até fui de férias para o Algarve (embora aí confesso que me fazia uma certa “comichão” ir para dentro de certos bares quando estavam à pinha; fui, mas fiquei sempre perto da porta onde a renovação do ar é garantida, nunca fiando…) e andei na Expofacic sem máscara nem receio.
Mas agora, que as férias ditas “grandes” já passaram, e com o aumento exponencial de emigrantes que regressam à terrinha para ver a família, tenho dado comigo a olhar em redor, com alguma desconfiança, quando vou almoçar ao shopping, a ver se alguém tem ar de doente, ou se espirra para o braço, ou se se assoa e deita o lenço de papel fora.
Talvez pelo facto de a gripe começar a rondar aqui a zona (até já se mandam SMS a avisar “a gripe A anda na Covilhã, na freguesia de Santo António!”; deve ser um serviço novo de um qualquer operador móvel, o GripeMóvel ou AlertaGripe...) começo a ficar um pouco mais preocupada; preocupada não, apreensiva. E isto pega-se tanto ou mais que a própria gripe. Ontem o meu pai já falava em “plano de contingência cá para casa”; ofereci a minha casa como “quarto de isolamento” mas o meu pai respondeu “não é preciso, vamos ver é se não a apanhamos todos ao mesmo tempo”. E aí dei-me conta, aqui o “se” não tem qualquer valor, é mais “quando”. Porque isto vai ser apenas uma questão de tempo. “Quando a apanharmos, que não seja todos ao mesmo tempo”; sim, porque alguém tem que ir fazer as compras.
Dei comigo a pensar que se calhar o meu colega, que se orgulha de ter uma provisão gigantesca de enlatados e fraldas e Bruffen 600 (hum…) em casa, não é assim tão alarmista. Se calhar a probabilidade de nós a apanharmos, uma vez que trabalhamos num hospital, é grandita...
Penso na desgraçada da rapariga que está internada no hospital de S. João e penso que podia ser eu a estar ali (cruzes-canhoto, lagarto-lagarto-lagarto, Diabo-seja-cego-surdo-e-mudo); bem, talvez não, que eu havia de arranjar quem me passasse uma receita de Tamiflu, se visse que não me faziam nada na Urgência.
A gripe A em Portugal, em estilo já quase pandémico é uma realidade, e agora temos que aprender a lidar com isso. Só espero que, se me tocar a mim, S. Tamiflu venha em meu auxílio e que eu possa pertencer ao grupo de “doentes que seguiram com as suas vidas normais, completamente curados”.

domingo, agosto 09, 2009

A banda sonora das férias

Há uma semana que acabaram as férias. Ainda estou deprimida, a praia faz-me muita falta, cada vez mais. Sinto-me "enterrada viva" nesta Beira desolada e despovoada.
As férias não serviram muito para parar, ainda terei que ir a um segundo "round", mas foram boas; foi bom abrir a janela e ver o mar durante 12 dias seguidos, foi bom ver gente e movimento, foi bom ouvir música e dançar.
Para mim, esta é a banda sonora das minhas férias deste ano. Sempre que a ouço lembro-me da praia da Rocha e quase que consigo sentir o cheiro do mar. :)

sexta-feira, julho 17, 2009

Às vezes é preciso parar


Férias, finalmente férias! Vamos ver é se S. Pedro não mas boicota, como tem feitos com os fins de semana que eu programo para ir "pôr os cotos na praia" e depois fico a ver o mar por um canudo.
O melhor das férias é o "dolce fare niente", não haver horários nem tarefas que têm que ser executadas naquele espaço de tempo, é só usar o cérebro se nos apetecer. Eu conto usar o meu muito pouco, só vou ler "Lux", "Caras", "Nova Gente" e "TV7 Dias". Bem, talvez esteja a exagerar, mas escolhi livros levezinhos para estes dias de areia, sol e mar, e uma ou duas revistas ditas "femininas".
Não tenho grandes expectativas para estes dias para além de estar estendida ao sol (ou sombra, consoante a hora), ler, ir a banhos, voltar a estender-me na toalha, comer bolas de berlim todos os dias... Afinal até tenho expectativas para estas férias.
Sei que não vão ser das tais férias com a cabeça no colo da tal pessoa especial nem com beijos doces e quentes, mas sei que vão ser férias de ficar com os amigos na praia até às 8h da noite. E que os corpos vão ficar queimados do sol. E que o meu cérebro vai entrar em modo de economia. Porque às vezes é preciso saber parar.

terça-feira, julho 07, 2009

Onde está o Verão...?


Tenho saudades do Verão. Não só daquele Verão com 27ºC às dez da noite; tenho saudades do Verão com 27ºC às dez da noite, sentada no capot do carro no meio da serra, a olhar o Fundão todo iluminado. Tenho saudades do Verão em que a temperatura às dez da noite não era sempre de 27ºC, ia subindo e subindo. Tenho saudades das noites de Verão em que o cheiro a mato era intenso e o barulho dos insectos era ensurdecedor, mas eu não ouvia nem cheirava nada a não ser o momento que vivia.
Tenho saudades do Verão quente, na esplanada, com os amigos, com muitos amigos, que agora já não moram aqui.
Tenho saudades do Verão das barragens e das piscinas e do rio; das festas nas terrinhas; das noites passadas a rir; das ruas com gente.
Tenho saudades do Verão com 3 meses de férias, ou até só com 15 dias, mas 15 dias e 15 noites recheados de expectativas, de animação.
Tenho saudades do Verão dos corpos queimados pelo sol, do grupo de amigos na praia até às 8 da noite; do Verão das cabeças deitadas no colo daquela pessoa especial, as mãos passeando pelo cabelo, e pela face, e pelo pescoço.
Saudades do Verão com a excitação do encontro depois do jantar, da troca de olhares, do toque discreto a dizer "anda", da linguagem corporal a dizer "quero-te".
Saudades do Verão dos beijos quentes e doces, das mãos passeando pela pele, das palavras sussurradas ao ouvido, da respiração ofegante, do olhar extasiado, do contacto com pele quente, da excitação da antecipação.
Tenho tantas saudades desses verões, que nem sempre são no Verão, mas que no Verão verdadeiro me deixam ainda mais saudades...

segunda-feira, junho 29, 2009

(sorriso)



"Estás a tremer. Estás nervosa?"
"Não, estou com frio
"Eu estou nervoso."
"Porquê?"
"Tenho medo..."
"Medo do quê?"
"Medo do que possa acontecer."
"Quem tem medo compra um cão..." (sorriso)
"E depois, o que acontece?"
"Não sei. Só vendo..." (sorriso)

...

(Sorriso, sorrisos, risos.)

"O que é isto?"
"Não sei, diz-me tu."
"Também não sei..." (sorriso)

...

"Porque te estás a rir?" (sorriso)
(Riso nervoso) "Porque estou feliz."



(gostava de voltar a sorrir assim)

sexta-feira, junho 26, 2009

A canção da Terra

Nunca tive posters do Michael Jackson no quarto. Nunca comprei um disco dele. Mas sei de cor o vídeoclip (na altura "teledisco") do "Thriller"; aliás, o meu pai tinha um esquema de ginástica ao som dessa música, que eu dancei vezes sem conta como "mascote" do grupo de ginástica rítmica.
Ele fez parte da minha infância e adolescência, por isso aqui fica a minha homenagem.


domingo, junho 07, 2009

Se calhar o doutor tem razão...

"Fazia tudo outra vez
Não aprendia a lição
Começava de novo

Chorava mais uma vez
Sentia pena de mim
Sei que valia a pena

E pode ser que eu mereça
Cair no erro outra vez

Cair no erro outra vez e mais do mesmo
Tudo o que eu quero afinal
É mais do mesmo

Eu dava uma vez
mais tudo por tudo
A menos que alguém
Me desse mais

Hoje eu vou até ao fim
Para voltar ao final
Como quem recomeça

E pode ser que eu mereça
Cair no erro outra vez

Cair no erro outra vez e mais do mesmo
Tudo o que eu quero afinal
É mais do mesmo

Cair no erro outra vez e mais do mesmo
Tudo o que eu queria afinal era outra vida com sal

E mais do mesmo."

"Mais do mesmo" - dR.estranhoamor

Ou não...


Banda sonora: http://mp3.rtp.pt/mp3/wavrss/at3/drestranhoamormaisdomesmomp3_40731-0902121839.mp3

domingo, maio 31, 2009

Noite Hard Rock na Moagem ou "O regresso à adolescência"


Ontem foi a primeira verdadeira noite de verão, esplanada com fartura, desde as 19h até à 1h30m, minis e tremoços. Finalmente!
Não sei se para comemorar o primeiro sábado de "verão", na Moagem decorreu a noite "Hard Rock"; fomos até lá ao fim da noite, para "morder o ambiente". Já chegámos tarde e pelo que percebi, as bandas que lá foram (duas) eram de adolescentes aqui da terrinha que faziam umas covers de grupos hard rock. Não tocavam mal e vê-los ali fez-me recuar uns bons 14 anos e ver-me ali, no meio do mosh, a curtir com os amigos.
Há 14 anos também existiam bandas destas, que até tinham temas originais; havia duas que eram particularmente do nosso gosto, pois delas faziam parte amigos nossos: os "Negative I.Q." e os "Bowser". E ontem, ao ver os miúdos todos cantar em frente ao palco e andarem ao mosh, ao som da música da banda dos amigos, fez-me viajar para bem longe no tempo. Lembrei-me do Rock Fest'em Vale, um festival de rock que decorreu em Valverde, tinha eu uns verdes 17 aninhos. E do concerto dos Bowser no bufete da escola secundária, onde o saldo foi umas quantas mesas e cadeiras partidas. E do concerto dos Primitive Reason no recinto da nossa extinta FACIF.
Andava eu nestas divagações quando a dita banda começa a tocar "Killing in the name", dos Rage Against the Machine. Arrepiei-me toda; não que a música em causa seja de arrepiar mas porque as recordações ficaram ainda mais vivas. A música tem o condão de me fazer recordar as coisas de forma ainda mais nítida, parece que revivo a situação toda. E essa música trouxe-me imagens nítidas, como as minha botas dr. Martens, as minhas calças pretas elásticas, as minhas sweats de R.A.T.M., as minhas camisas de flanela aos quadrados. E os moshes. E os concertos. E o liceu. E a adolescência. Senti-me verdadeiramente trintona. Acho mesmo que me senti um pouco velha. Uma das minhas amigas, que era conhecida como a "metálica do Bairro do Cabeço", estava estática a olhar para o palco, quiçá também perdida em recordações.
Inevitavelmente, passou-me todo o meu tempo de liceu pelos olhos, e senti tantas tantas saudades! Posso dizer que vivi a minha adolescência ao máximo: cheguei tarde quando era suposto chegar cedo e tinha o meu pai à espera sentado na sala; fui castigada por não ter cumprido o horário de chegada a casa; fui castigada por emprestar a mota e depois aparecer com ela espatifada; inventei aniversários de amigos todas as semanas para poder ir para o English (cheguei a ter amigos que faziam anos várias vezes por ano); tive notas mais baixas do que as que costumava ter porque estava a atravessar uma fase menos boa; apanhei borracheiras quando ainda nem tinha idade para beber álcool; meti-me num comboio e fui para Castelo Branco sem o meu pai saber, só para ir a outra discoteca. Ah, bons maravilhosos saudosos tempos! A adolescência é a melhor fase da vida de uma pessoa; é dura, é difícil, é um turbilhão de hormonas e pensamentos e sentimentos, mas é de longe a melhor altura. Os amigos são tudo, a família apenas serve para alimentar, dar dinheiro e tecto, podemos mentir aos pais mas nunca aos amigos. Mas se vivêssemos sempre na adolescência nunca lhe poderíamos dar o valor que damos agora. E eu dou. Olho tantas vezes para trás e dou comigo a sorrir, a rever todas as "traquinices" que fiz. E apesar de agora a minha vida não ser tão emocionante como eu gostava, de vez em quando ainda me sinto como uma adolescente, com as tais "borboletas na barriga" e o turbilhão de sentimentos. E é bom.

Apesar de na altura ser apreciadora do hard rock, acho que esta poderia perfeitamente ter sido a banda sonora da minha adolescência. Que posso dizer que foi vivida ao máximo. E ainda bem!

Dancing Queen - ABBA


imagem: slaughterdogrecords.com/webpics/mosh.bmp

domingo, maio 24, 2009

A alma e o vento


A abertura de gavetas continua, embora a montagem de peças de mobiliário tenha abrandado um pouco.
Este pequeno caderno que folheio agora não tem uma única folha datada, mas pelos textos posso situar este algures entre 1993 e 1994 (xiiiii, sou mesmo muito antiga!). Escrever sempre me aliviou a alma e permitia-me viver situações que nunca poderia viver na realidade; a escrita transportava-me para outro mundo onde as coisas corriam sempre como eu queria. E sem dúvida que estes cadernos eram os meus melhores amigos, não desfazendo dos meus amigos de carne e osso, que também eram muito muito bons!

"Acho que sempre o amei. Agora tenho essa sensação. Desde pequenos que nos conhecemos e talvez estivesse destinado que nós nos uníssemos. A minha alma repousa, inquieta, completamente absorta em pensamentos estranhos. Mas em dias de vento, a minha alma acorda e liberta-se. Rodopia com ele, despenteia árvores, entranha-se no corpo de alguém e retira sabedoria. Quando o vento pára, ela volta a mim e utilizo a sabedoria que ela retirou.
Olho para ele de maneiras diferentes, como se fosse cada bocadinho das pessosas que a minha alma visitou a olhá-lo. Isso ajuda-me a compreendê-lo de muita maneiras. Mas continuo a não entendê-lo de outras.
Será que a alma dele não se liberta em dias de vento?
Um dia gostava que a minha alma o visitasse num dia de vento. Não saberia de imediato que fora a ele que visitara mas aconteceriam coisas que eu, mais tarde, compreenderia. Tento imaginar o que iria encontrar na alma dele. Bastante sofrimento, acho... Talvez, num dia de vento..."

Realmente é muito difícil tentar compreender um adolescente uma vez que, por definição, um adolescente não é para compreender. Mas eu não desisti, foram anos a tentar. Não consegui, mas a minha consciência ficou tranquila: ao menos tentei.

Ainda bem que não queimei os cadernos na lareira da minha casa...


(imagem: Alma e o Vento- óleo s/tela de Guilherme de Faria, 30x40cm, coleção Taís Cortez, São Paulo, Brasil)

quinta-feira, maio 21, 2009

Eu sou o anjo da Anunciação!


Hoje aconteceu-me uma das coisas mais emotivas que alguma vez experienciei: dizer a um casal que vão ser pais. Foi uma coisa inexplicável, acabámos as duas a chorar no átrio do hospital enquanto o marido olhava para nós com um ar feliz. Imagino a cena vista pelas pessoas que passavam...
Realmente o choro de felicidade é a coisa mais contagiante que existe, pior que a gripe A ou a indiferença. A felicidade que aquela rapariga sentia era tão forte que eu própria a senti, como se fosse eu a receber a notícia. E mais uma vez senti pena que não estar em contacto com os utentes, pena de estar "escondida" no fundo de um laboratório perdido num (mais ou menos) imenso hospital.
Não consigo descrever a emoção que me invadiu quando ela se apercebeu que a notícia era a melhor que ela podia receber, era a que ela queria ouvir; a princípio não conseguiu interpretar os meus sinais, o meu sorriso era "neutro", como ela própria disse, não dava para um lado nem para o outro. Mas quando "encaixou" a notícia, a onda de emoção foi tão grande que não consegui ficar indiferente. E chorámos as duas de felicidade, perante o ar embevecido do marido; acho que nunca tinha chorado de felicidade, foi a primeira vez. E soube bem.
Diz ela que foi a melhor notícia que já recebeu até agora. E que eu era o seu "anjo da Anunciação" e que até vinha vestida de branco e tudo! Ainda agora, quando me lembro disso, me vêm lágrimas aos olhos.
Vem uma nova vida a caminho. E eu fui a mensageira. Eu sou o anjo da Anunciação. :)

terça-feira, maio 19, 2009

"Onde estás, meu menino?"


Falando em gavetas, este já é bem velho e está escrito num caderno, guardado dentro de uma caixa de cartão, que por sua vez está dentro de, claro está, uma gaveta! É daquelas coisas que se devem guardar porque ainda nos conseguem fazer sorrir, embora no passado nos tenham feito chorar. Coisa complicada, a adolescência...

"Onde estás, meu menino, homem da minha vida? Procuro-te e não te encontro. O corpo que antes habitavas está ocupado por outra pessoa. Quem é vivo sempre aparece... Mas tu não apareces...
Eu não quero acreditar que morreste, mas acho que é o que, de facto, aconteceu. Tenho saudades de ti, homem da minha vida, que desapareceste, que te tornaste névoa, poeira, pó, algo ido, talvez sonho.
Tenho saudades de te ver na janela; aquele que habita o teu corpo nem sequer lá vai... Tenho saudades de te sentir nos meus braços, de te beijar, de ser beijada por ti...
Mas quem morre não volta... e tu morreste. Porquê? Porquê?... Lembro-me dos teus olhos escuros, do teu sorriso terno, de tudo o que nunca mais vai voltar.
Só gostava de poder ter-me despedido de ti, dar-te um beijo sabendo que era o último, olhar-te sabendo que nunca mais o poderia fazer de novo...
Porque é que morreste, homem da minha vida? Porque é que te mataram, porque é que te levaram?
Olho para trás e vejo a nossa história, tão linda, tão feliz, tão pura... e num momento, num relâmpago, tudo fugiu. E olhei para ti. Mas já não te vi, estavas morto.
Ainda hoje, que já encontrei outra pessoa com que poderia construir outra história, olho para a tua fotografia e sinto que o meu amor por ti ainda não morreu, e que o teu amor por mim ainda existe, muito fraco, tentando viver debaixo de tanta infelicidade, sofrimento e desilusão.
Morreste... Mas eu não quero acreditar... Porque as pessoas que eu amo não morrem nunca..." (algures entre Fevereiro e Março de 1995)

Algumas ressalvas:

- ninguém morreu mesmo, é a minha veia metafórica a falar; isto não é defeito, é mesmo feitio.
- tinha 17 anos quando escrevi este texto.
- para mim o amor era sempre acompanhado de sofrimento; o Bocage, ao pé de mim, escrevia comédias.
- fui uma verdadeira adolescente, com crises existenciais e períodos de apatia, em que ficava deitada na cama a olhar para o tecto e a imaginar cenas dramáticas.
- sei que o rapaz de quem este texto fala nunca gostou de mim, pelo menos não da maneira que eu queria que ele gostasse, mas sempre quis acreditar que sim.
- sei que amei de paixão esse rapaz, mas hoje não tenho tanta certeza que ele é o homem da minha vida.
- apesar de todo o sofrimento por que possa ter passado, não me arrependo de nada do que vivi porque me senti viva!

P.S. - Ah, e na capa desse caderno tenho os nossos nomes escritos por ele. Vale a pena guardar estas coisas!
P.S.2- E também tenho as minhas notas de 11º ano! Matemática e Filosofia eram as minhas piores notas. Já não me lembrava disto.

domingo, maio 17, 2009

Gavetas...


Talvez porque agora ande muito entretida montar móveis, tenho dado comigo a pensar na problemática das gavetas. As gavetas servem para guardar coisas, tanto coisas que estão a uso como coisas que já não servem para nada mas que não conseguimos deitar fora. Existem também umas coisas muito úteis chamadas "amortecedores de gaveta" que impedem que a gaveta feche com muita força e faça barulho.
Há quem tenha dificuldades em fechar definitivamente uma gaveta; uma gaveta definitavemente fechada não serve para nada, deverá até deixar de ser chamada "gaveta" e passar a ser chamada "arquivo morto" ou coisa assim.
As coisas guardadas numa gaveta devem ser coisas que ainda têm préstimo, que podem e devem ser usadas. Se uma gaveta deixa de ser aberta, deixa de fazer sentido, e por isso, se as coisas que estão lá dentro deixam de ter préstimo, devem ser deitadas fora para dar oportunidade a novas coisas para ocuparem essa gaveta.
Uma gaveta só é completa se correr livremente pelas calhas onde está encaixada, abrindo e fechando para que as pessoas possam retirar do seu interior as coisas que precisam ou guardar dentro delas as coisas que já não usam mas que acarinham e que querem manter perto de si.
Fechar uma gaveta para sempre é um contrasenso, devemos é livrar-nos das tais velharias que não têm préstimo e que não queremos perto de nós; podemos deixar de abrir uma gaveta com tanta frequência, mas se o que está lá dentro ainda tem algum signficado para nós, de vez em quando até podemos abri-la e olhar lá para dentro. E se o que estiver no seu interior nos fizer sorrir mais uma vez, é porque ainda tem algum préstimo e aí faz sentido estar numa gaveta. Que não se deve fechar definitivamente. Mas se o que está na gaveta é inútil e não serve para nada, nem para fazer alguém sorrir, então mais vale deitar fora. Gaveta incluída.

quinta-feira, maio 07, 2009

É a pronúncia do Norte...


No fim de semana fui ao Porto. O meu conhecimento da "Inbicta" resumia-se à saída para a A3 em direcção a Famalicão ou Braga, ao estádio do Dragão (que se vê da A1) e às portagens.
Mas desta vez resolvi aventurar-me pelas ruas do Porto. Tendo em conta que apenas conhecia a zona do estádio do Dragão, foi esse o sítio escolhido para deixar o carro. Devo dizer que a esta altura já sei o caminho para lá de olhos fechados, já nem preciso do GPS; apesar da beleza do dito estádio (até se me revoltam as entranhas enquanto escrevo esta linha), e tive a oportunidade de o observar bem pois parei ao lado 3 dias consecutivos, não vou mudar as minhas preferências clubísticas. O FCP tem um estádio bonito mas fiquemo-nos por aí, nada de cachecóis azuis e brancos ao pescoço, ok?
Como estava a dizer, deixei o carro na Avenida dos Campeões Europeus (por amor da santa, que nome para uma rua...) e fui para o Metro, que, para minha surpresa, é mesmo um metropolitano. Sempre imaginei o Metro do Porto como uma espécie de eléctrico e foi uma agradável surpresa quando verifiquei que era um "Metro-Metro".
O almoço foi no Capa Negra do Campo Alegre onde enfardámos uma "berdadeira frâncesinha", com linguiça e picante. Até saímos de lá com um sotaque esquisito, carago!
Depois do almoço, que ficou bem pesado no estômago, apanhámos o Metro na Casa da Música (construção peculiar, aquela; ainda não sei se gosto ou não...) e fomos até aos Aliados, tomar um café no Guarani, onde paguei a módica quantia de 1,20€ por um café! Passámos pela rotunda da Boavista, que me ficou no coração pela sua magnífica estátua de um leão a "depenar" uma águia. Lindo!
Descemos a pé até à Ribeira, que ADOREI!! Quase que me meti num daqueles "cruzeiros" no rio Douro, mas não havia muito tempo. Ficará para uma próxima oportunidade. Daí seguimos até à rua de Santa Catarina, que estava apinhada de gente nas lojas, nas esplanadas, em todo o lado! Não fiquei para a noite, mas hão-de haver mais oportunidades.
Gostei mesmo da cidade, realmente o Norte tem um encanto que o Sul nunca há-de ter, não sei se pela simpatia das pessoas, pelo sotaque delicioso ou pelo orgulho que os portuenses têm na sua cidade. Se algum dia tivesse que escolher uma cidade para viver, o Porto estaria certamente entre as hipóteses a considerar! É a pronúncia do "nuorte", carago!

terça-feira, maio 05, 2009

Também gosto muito desta...

Pela melodia, pela letra, por ser Caetano. Só mesmo ele para escrever uma música assim. Que já tinha sido mencionada noutro post que escrevi em 2006. Há músicas que marcam uma vida.

quinta-feira, abril 23, 2009

A desilusão do falhanço ou em busca da ADSE perdida


Sou uma lutadora. Quem me conhece sabe que não sou de ficar à espera que as coisas me caiam no colo. Não é do meu feito, pronto.
Há umas semanas levantou-se a questão de ter ou não direito à ADSE, isto é, assistência na doença aos servidores civis do estado. Embora trabalhe para uma instituição pública não sou funcionária pública, não pertencendo portanto aos quadros do Estado. E pelo que consta no meu contrato, também não sou agente do Estado (seja lá o que isso for). No entanto, havia coisas na legislação que eu tive a coragem de consultar (ia dando em maluca com tanta lei, decreto-lei, artigos...) que, à luz da minha interpretação de leiga, me diziam que eu podia ter direito à ADSE, a saber: "Todos os trabalhadores que, nos termos dos artigos 1.º a 3.º da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, exerçam funções públicas, independentemente da modalidade de constituição da sua relação jurídica de emprego público, e que não se encontrem abrangidos por qualquer outro subsistema de saúde integrado na Administração Pública.". Ora analisando a coisa, vejo que:

1º - sou trabalhadora (e muito!);
2º - exerço funções num organismo público;
3º - não estou abrangida por nenhum outro subsistema de saúde sem ser a Segurança Social.

Quando vi isto pensei logo que iria ter direito e, munida da papelada toda que reuni, lá me dirigi à secção de Recursos Humanos, disposta a provar por A+B que tinha direito à ADSE. Balde de àgua fria: é tudo verdade mas o hospital não é um organismo público, é uma empresa do Estado. Todas estas permissas são aplicadas a organismos públicos, coisa que o hospital pelos visto não é.
Fiquei mesmo desmoralizada; levantei-me, meti os meus papeluchos debaixo do braço e o rabo entre as pernas, e fui trabalhar, que é para isso que me pagam. Mas ia pelo corredor cheia de revolta. Custa ver colaboradores que trabalham no mesmo espaço físico e que são pagos pelo mesmo patrão terem direitos tão diferentes.
Custa muito levar uma nega mas pelo menos não fico a pensar nisto. Isto agora incha, desincha e passa. Mas pelo menos fui lá e falei! Saí de lá perfeitamente esclarecida mas mesmo assim ainda vou mandar um mail para a direcção da ADSE.
É triste falhar, mas mais triste ainda é não tentar! O não é sempre garantido, não custa nada ir à procura do sim.

segunda-feira, abril 20, 2009

Quem procura sempre acha?


Hoje fui à procura de um livro. Ia fisgada em comprar "O Leitor", de Bernhard Schlink; vi o filme no sábado à tarde e achei que seria boa ideia investir no livro. Entrei na loja e comecei a percorrer os corredores com os pés e as prateleiras com os olhos. Destaques, top livro, literatura estrangeira e nada. De repente, numa prateleira baixinha lá o vislumbrei. Desilusão, era tão fininho, umas míseras 144 páginas! Depois de um filme de duas horas estava à espera de um livro mais... robusto, um calhamaço mesmo. Claro que não é o tamanho que importa, mas sim o prazer que nos proporciona, mas o facto é que não comprei o livro.
Enquanto o procurava, dei comigo a pensar que era infinitamente mais fácil pedir ajuda ao colaborador da loja (ainda demorei uns bons 10 minutos a encontrá-lo), mas eu sou como os homens quando se trata de pedir indicações sobre o caminho para um sítio qualquer, prefiro demorar mais mas conseguir sozinha! De facto, as coisas que obtemos por nós próprios têm outro sabor; não nego que toda a gente precisa de ajuda de vez em quando, mas só depois de muita luta e de falhanço total. O facto de termos sempre alguém que nos ajude a fazer tudo pode fechar muitas portas; se eu tivesse pedido ajuda ao colaborador da loja não teria continuado a olhar para as prateleiras e não teria encontrado o livro que acabei por comprar: "Bom Karma - como obter e manter". Há tanto tempo que me questiono sobre essas coisas do karma e nunca pensei que viria a encontrar um livro que pudesse responder a muitas dessas questões. Claro que não me vai tirar todas as dúvidas (se calhar nem me vai tirar nenhuma) mas vai, pelo menos, satisfazer-me a curiosidade acerca deste assunto. Queria tanto fazer uma limpeza de karma, agora já não preciso de recorrer à tal "lavandaria esotérica", posso fazer uma sabonária em casa.
De facto, às vezes procuramos tanto uma coisa e não a encontramos, e quando menos esperamos, aquilo que procuramos é que nos encontra.

sábado, abril 18, 2009

E já lá vão 4 anos... (faz de conta que é dia 26 de Março de 2009)

Agora que aprendi a pôr vídeos no blog não quero outra coisa! Isso e o facto de não andar muito inspirada para escrever, às vezes é difícil organizar ideias e traduzi-las em palavras. Além do mais, e tendo em conta que o meu cantinho fez anos em Março, fica aqui a minha prendinha. É a origem do meu nick no blogger.
Faz de conta que hoje é dia 26 de Março de 2009. :)


terça-feira, abril 14, 2009

O poder da música

Esta é uma das minhas músicas preferidas de Lamb. A qualidade do som e da imagem não são as melhores mas não existe vídeo oficial. Incluí a letra num post de 2006 ("The way you made me feel") mas não há nada que chegue à força da música! Como diria Nietzsche, "Without music, life would be a mistake."

sábado, abril 11, 2009

"He´s not just that into you"


Ontem fui ao cinema ver um filme "de domingo à tarde", apesar de ser sexta feira à tarde. O título era sugestivo do tipo de filme, bem como do seu conteúdo, e por isso mesmo fui vê-lo. Por isso e por não haver nenhum filme na matiné que não fosse "de domingo à tarde".
Título do filme: "Ele não está assim tão interessado". Está-se mesmo a ver o género de filme: relações humanas, sinais mal interpretados, o quotidiano. Se tentarmos ver a coisa de um prisma menos crítico, quase que podemos tirar algumas lições em termos sociológicos. Posso dizer que aprendi algumas coisas, embora a maior parte das "lições" eu já tivesse tido na escola da vida (dramático! eheheh!), como levar uma tampa, por exemplo, e obtido aproveitamento com distinção!
O filme resume-se, basicamente, a um "guia" sobre os sinais que os homens dão quando conhecem uma mulher e revelam se ele ficou interessado ou não. Sei que os homens não são todos iguais, mas lá bem no fundo, são. O fundo genético, o instinto é igual. Está-lhes na "massa do sangue". E realmente há muitas coisas que fazem sentido.
Apercebi-me que os homens vêm as coisas de uma maneira muito mais simples, e que realmente as mulheres tendem a dramatizar as situações. De uma coisa de nada fazem um filme gigantesco (eu sei, eu já os fiz...) e que isso costuma dar mal resultado. E isso fez-me pensar. Fez-me perceber algumas coisas que estavam há muito tempo por esclarecer na minha cabeça. Se calhar se as mulheres pensassem um pouco, mas só um pouco, como os homens, as coisas talvez funcionassem de uma maneira mais simples. Podia perder-se um pouco da magia, que também é importante, mas talvez se evitassem algumas desilusões.
Também falavam no facto de ser sempre o homem a dar o primeiro passo; há homens que dizem "ah e tal, somos sempre nós que temos que tomar a iniciativa, porque é que não podem ser as mulheres a fazê-lo"; se formos ver bem, realmente se o homem não toma a iniciativa é porque não estará muito interessado. E se a mulher vê isso talvez se sinta insegura em ser ela a tomar a iniciativa. Resumindo: é muito complicado!
Por mais que as pessoas tentem perceber o que vai na cabeça de cada um, as pessoas têm vivências diferentes e reagem de forma diferente. Há pessoas que podem já ter sido rejeitadas inúmeras vezes mas lambem as feridas, recuperam e voltam à carga, tomam a iniciativa, não têm medo da rejeição porque já se habituaram a lidar com ela; há outras que não conseguem tomar a iniciativa e preferem perder a oportunidade de ser bem sucedidas (ou não) a tentar uma aproximação. Como diria Shakespeare, "E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!". E como diria eu, "quem quer vai à luta!". Esta frase foi-me "cuspida" com algum desdém por alguém que já fez parte da minha vida e que nunca se poderia ter queixado de falta de luta da minha parte. Enfim, são águas passadas e que já vão bem longe, mas essa frase ficou-me na cabeça. E realmente é verdade, quem quer uma coisa tem que lutar por ela. Não podemos esperar que as pessoas entrem na nossa cabeça e no nosso coração, não podemos esperar que adivinhem o que sentimos ou o que pensamos. Às vezes nós próprias não damos os melhores sinais. Sei que é difícil abrirmos o nosso mundo mais íntimo e pessoal a alguém, mas se não o fizermos podemos correr o risco de passar ao lado de alguma coisa boa. Também corremos o risco de levar (mais) uma tampa mas acho preferível levar a nega do que ficar a pensar nisso o resto da vida "E se eu tivesse...?"
De facto, apesar de ser um filme "de domingo à tarde", que normalmente não necessita do uso do cérebro, deixou-me a pensar. Infelizmente não levámos nenhum homem connosco que nos pudesse dar umas deixas sobre a veracidade do que foi ali retratado, mas muitas daquelas coisas fazem sentido. Ou não farão? Hum... :)

domingo, abril 05, 2009

English Club - o renascer da fénix? Nã...


Como prometido, aqui vai o post sobre o English, a melhor (e única!) discoteca da terrinha. E porquê agora? Porque na sexta-feira, dia 3, foi tentada uma manobra de reanimação da dita, tipo massagem cardíaca ao som de muita martelada (leia-se house music).
Sendo a única discoteca do Fundão, o English sempre foi o ponto de convergência de toda a gente, novos e menos novos, a partir das 2h da manhã, hora a que o senhores agentes da GNR (agora GNR - Comércio Seguro) fazem a ronda para ajudar a esvaziar os bares mais depressa, num gesto de "solidariedade" para com os donos e/ou empregados dos ditos bares.
Há uns anos atrás, o English Bar (agora English Club) era uma discoteca de referência; vinha gente de tod'a Beira Baixa sacudir o esqueleto à nossa humilde discoteca, também famosa pela feijoada à sexta-feira. Era um local de convívio e muitas vezes os pais acompanhavam os filhos nessas saídas; os pais ficavam no bar do rés-do-chão, os filhos iam pintar a manta para as pistas (sim, tinha 2 pistas!).
Famosas eram as noites da saudosa e extinta FACIF, em que no sábado de encerramento, a discoteca enchia até ficar quase a rebentar pelas costuras e era loucura total! Ainda guardo recordações de uma FACIF em que o concerto do último sábado foi Xutos&Pontapés; não cabia mais uma alminha no English, dizem que os próprios Xutos andavam por ali a encanar cervejas, e o ambiente estava ao rubro! Havia pessoas em cima dos muros que rodeavam a pista nova (conhecida como "banheira" devido aos seus fabulosos mosaicos brancos), pessoas em cima das cadeira e parece-me (não juro) que também havia pessoas em cima de algumas mesas. O facto é que estava tudo animadíssimo e foi de facto uma noite memorável na história do English (Bar, na altura).
Como essa houve tantas outras noites, não era preciso motivo para haver festa no English. A desculpa em casa (estamos a falar do tempo da adolescência) era a festa de anos de amigos, alguns dos quais festejavam o anivesário várias vezes ao ano. Ou o fim das aulas. Ou o início das aulas. Ou o facto de estarmos a meio do 2º período. E as famosas matinés do English, com a sua festa da Porca e do Parafuso, em que entregavam à entrada uma porca às meninas e um parafuso aos meninos. O objectivo era encontrar o parafuso que encaixasse naquela porca, e assim era ver rapazes e raparigas tentarem encaixar os seus parafusos e as suas porcas (hum...). Quando encontrassem o par iam ao bar e recebiam uma bebida grátis ou outro presente qualquer (francamente não me lembro, nunca andava à procura do parafuso... era muito tímida). Também me lembro da festa do Graffiti, em que as paredes estavam forradas de plásticos gigantesco e o pessoal fazia graffitis com tintas que brilhavam no escuro. Isso é que eram tempos!
Depois o pessoal cresceu, acabou o liceu, foi para a universidade, e o English passou a ser o ponto de encontro nas férias de Natal, Carnaval, Páscoa e de Verão. Mesmo que uma pessoa saísse de casa sozinha, sem combinar nada com ninguém, sabia que se fosse ao English ia encontrar lá o pessoal todo. Era dado adquirido que início de férias dava direito a ida ao English no sábado. E era fixe encontrar pessoal com quem já não se estava há meses; nessas noites passava-se mais tempo a conversar e a beber do que a dançar. E as noites continuavam mesmo depois da discoteca fechar: ia tudo em romaria (no verdadeiro sentido da palavra!) até à estátua da Nossa Senhora de Fátima (carinhosamente apelidade de Santa), na Serra da Gardunha. O álcool ajudava à locomoção (ou não!) e viam-se grupos de pessoas pela estrada acima para abancar nas escadas que ladeiam o dito monumento. E a noite terminava de manhã, com o fantástico nascer do sol e o debandar do pessoal para casa ou para o parque de campismo, que fica mesmo ali ao lado.
Com o tempo foi necessário modernizar o velhinho English, que foi remodelado e transformado numa discoteca insípida e branca, nada a ver com o English "old school", escuro e tenebroso, mas sempre tão animado!
A mudança de visual do velhinho English roubou-lhe a alma, e o English começou a estar vazio daquelas pessoas que lá iam para se reverem. Havia outras, mas pessoas estranhas, que eu não conhecia. O pessoal deixou de ir ao English.
Claro que ainda existem os resistentes, o pessoal que insiste em ir quando vêm as férias, sempre na esperança de reencontrar os amigos. Mas nunca reencontram ninguém.
Por isso, quando nesta sexta feira anunciaram um DJ set "Mr. Lemon e Mr. Marrusso" a prometer "let´s rock and electrify", eu fiquei com vontade de ir. Era início de férias da Páscoa, podia ser que, pelo menos uma vez, o English voltasse a ser o que era. Estive quase a desistir mas lá fui arrastada para lá, sempre com a esperança de que não me fosse arrepender. Já lá não ia há uns bons meses, e enquanto entrava e subia as escadas pensava que ia ser uma noite bem fixe. Mas quando entrei na pista, a expectativa deu lugar à desilusão. Embora estivesse uma casa compostinha em termos de quantidade de gente, o som não era bem o que eu estava à espera. Resumindo: defraudou as minhas expectativas. Aguentei a meia hora da praxe, paguei uma cerveja do meu cartão a um amigo, dei mais meia hora para não parecer mal, e fui para casa.
Tinha a ideia de que o English seria como a fénix, podia ter sido queimado mas iria renascer. Agora acho que não, acho que o English perdeu a sua alma, e quando os lugares perdem a alma dificilmente voltam a ser o que eram.

quarta-feira, abril 01, 2009

"Some days are better than others"

Há dias em que gostava de passar total e completamente despercebida. Sem que ninguém reparasse em mim, na minha expressão, no meu silêncio.
Gostava de poder dizer as coisas sem ser por meias palavras, gostava de chamar as coisas pelos nomes, agarrar o touro pelos cornos.
Gostava que o meu olhar conseguisse transmitir de forma inequívoca o que me vai na alma, gostava que a tristeza ou a alegria que deles irradia pudesse ser captada, gostava de não precisar de palavras para dizer o que sinto.
Gostava que o meu toque conseguisse transmitir o carinho, o afecto, a paixão, para que nunca restassem dúvidas do porquê de estar ali e não noutro lado qualquer. Gostava de deixar de desejar repetir o irrepetível.
Há dias assim. Felizmente, hoje não é um desses dias!

segunda-feira, março 30, 2009

Bem hajam!!


Eh pá, vi agora que o meu modesto cantinho nesta imensa rede que é a Internet já teve 2000 visitas! Claro que comparado com outros blogues, isto não é nada, mas tendo em conta que sou apenas uma ilustre anónima, estou muuuito feliz!
Bem hajam a todos os que perderam um pouco do seu precioso tempo para passarem por aqui e lerem um pouco daquilo que me vai na alma. Bem hajam pelos comentários e pelas palavras de incentivo. Afinal, são os leitores que dão sentido aos blogues. Bem hajam e voltem sempre!

domingo, março 15, 2009

"Deus te dê em dobro"... o quê?


Hoje fui "agraciada" com a tão popular expressão "Deus te dê em dobro". Ora esta singular expressão é utilizada quando se quer agradecer qualquer coisa, seja a paciência com que se ouve uma pessoa que precisa de desabafar, a compaixão com que se comparte o sofrimento de alguém ou a caridade de dar ajuda a quem mais precisa.
Quando desliguei o telefone fiquei a pensar "O dobro de quê?". Porque normalmente costuma-se dizer "Deus te dê o dobro daquilo que me desejas", o que acaba por ser um pau de dois bicos (é tipo aquela praga "havia de te dar uma dor tão grande que só te desse para correr; quanto mais corresses, mais te doesse, se parasses, rebentasses"); se uma pessoa gosta da outra e até lhe deseja o bem, então Deus irá retribuir com o dobro do bem. Se por acaso é mais uma questão de ódio figadal, então aí a retribuição será em dobro do mal, e aí a coisa fica mais complicada. É, pois, uma expressão com um duplo significado mas que acaba sempre por cair bem, seja por sinceridade, seja por cinismo.
Já a expressão "Deus te dê em dobro" é um pouco dúbia. Deus me dê em dobro o bem que fiz ou o mal que, de alguma forma, ajudei a aliviar? Deus me dê em dobro a paciência que às vezes vou buscar não sei bem onde ou as chatices que às vezes tenho que aturar?
Eu quero acreditar que será sempre "em dobro" o bem que fiz mas olhando um pouco à minha volta, parece-me que não será bem bem isso que quer dizer; porque, e recorrendo à minha frase favorita de Camões que eu nunca me cansarei de utilizar, "os bons vi sempre passar/na vida grandes tormentos/enquanto os maus vi sempre nadar/ em mares de contentamentos", o que eu vejo à minho volta é mesmo isso. Já não se recompensa o bem, acho que o altruísmo apenas traz satisfação pessoal (o que por si só já é um bem, claro!) e não graças divinas que às vezes nos faziam muito jeito que nos fossem concedidas.
Depois penso que até há imensas graças divinas a virem na minha direcção, tipo os tiros das naves espaciais do saudoso jogo dos anos 80 "Space Invaders", mas está a tal história mal resolvida do karma que eu falei num post anterior.
De qualquer maneira, vou tentar esquivar-me ao karma (se tal for possível; pela definição penso que não mas tento na mesma, que se lixe) e ver se alguma das graças divinas com que tantas vezes sou agraciada me acerta e me faz explodir de felicidade. Que Deus me dê em dobro qualquer coisa boa.
(desculpem se este post parece uma revisão linguística, literária e filosófica, mas hoje acordei com os pés de fora e por isso estou rabugenta :p)

domingo, março 01, 2009

O que não é natural...


Dizia o velho e saudoso anúncio do restaurador Olex, "Preto de cabeleira loira e branco de carapinha não é natural". E eu acrescento "O que também não é natural é alheira vegetariana". Sim, porque uma alheira que se preze tem que ter carnunça, geralmente franguinho. Ora ontem resolvi ser uma "ganda maluca" e experimentar uma alheira vegetariana, ou seja, sem carne. Geralmente não gosto muito dessas experiências culinárias; para mim nada de feijoada de chocos (feijoada tem que ter carne), embora aprecie bastante uma boa lasanha vegetariana (é o meu cartão de visita culinário). Como estava a dizer, resolvi viver a vida no limite e comi uma alheira vegetariana; era fabricada em Mirandela, por isso era uma verdadeira alheira, mas em vez de frango tinha azeitonas e pimentos. O sabor era o mesmo, assim como o cheiro. Com um ovo estrelado e umas batatinhas fritas até era capaz de passar por uma verdadeira alheira de Mirandela com carne. O pior foi depois do almoço; parece-me que afinal a alheira vegetariana, apesar de ser mirandesa, não é bem igual à alheira não-vegetariana, e o meu estômago acusou logo o toque. Parece que as minhas entranhas se revoltaram contra o facto de eu estar a comer alheira e enquanto elas esperavam pela carninha, eu presenteava-as com umas belas azeitonas e pimentos. Parece mesmo que o meu cárdia pensou "Ai queres enganar-nos, hein? Há alheira mas não há carninha, é? Então espera aí que eu já te digo.". Rápida comunicação com o intestino e já se sabe: foi a revolta total das entranhas!
Felizmente foi episódio curto, mas obrigou-me a andar a sumo, chá e água a noite toda, bebidas que devo dizer que deviam estar "minadas" porque passei a noite a rir e a dizer disparates. Será que é moca natural? Ou será que as minhas entranhas revoltadas produziram alguma espécie de substância "endorfínica" como comemoração da sua vitória? Hum... O certo é que uma alheira que se preze tem que ter carne, e acho que não irei voltar a comer alheira vegetariana tão cedo. Por afinal não é natural... apesar de ser muito boa!

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Parabéns, Charles Darwin!


Como orgulhosa bióloga que sou, não poderia deixar de dar os parabéns a Charles Darwin, que faria hoje 200 anos. É uma bonita idade, 200 anos... E é bonito ver que após quase 200 anos, alguns dos fundamentos da sua teoria de evolução das espécies estão perfeitamente adaptados ao nosso mundo.
No seu livro "A origem das espécies", Darwin introduziu a ideia de que todos os seres vivos evoluíram de um ancestral comum e que essa evolução seria "conduzida" pela selecção natural, ou seja, os caracteres hereditários que favorecem a sobrevivência de um indivíduo num determinado ambiente são cada vez mais frequentes nas gerações seguintes, resultando numa população perfeitamente adaptada a esse mesmo ambiente. O problema é quando o ambiente que rodeia a população muda, aí está o caldo entornado, e os tais caracteres que até favoreciam a população num determinado ambiente passam a ser desfavoráveis num outro, e a população, outrora perfeitamente adaptada, passa a ser "peixe fora de àgua" e corre o risco de se extinguir. Resumidamente, é a lei do mais forte: adaptas-te, tudo bem; não te adaptas, já foste.
(lentamente, a fase darkness está a desparecer...)

terça-feira, fevereiro 10, 2009

O primeiro borrão de 2009...


Realmente tinha começado bem, o ano. Ainda não tinha havido braços a esbarrar com tinteiros e a deixar borrões nas folhas. A caligrafia até estava a sair bonitinha, sem erros ortográficos. E de repente, a letra começa a sair torta, erros ortográficos aparecem sabe-se lá de onde e tenho que começar a tentar emendá-los. Estava convencida que o caderno não ia ter rasuradelas mas pelos vistos enganei-me.
Ainda dizem que este ano é o ano do Aquário; que seria se não fosse...
(Espero que esta malvada fase darkness passe rapidamente, quero estar na fase wonder!!)

É mais do mesmo... que miséria!

Bem gostava de escrever algo mais alegre mas realmente a coisa está preta. E agora já nem posso culpar a chuva pela minha "depressão", uma vez que S. Pedro finalmente ouviu as preces de muitos crentes aqui em baixo e fechou a torneira. Parece que a "culpa" desta "depressão" está mesmo algures entre a minha cabeça e os meus pés...
Neste momento, sinto-me cansada. Não cansada fisicamente, mas um cansaço psicológico, se é que isso existe. Estou farta de ver injustiças, farta de ver singrar quem não merece, farta de tentar mostrar o que valho e ninguém ver. Por isso começo a questionar: "será que valho mesmo aquilo que penso?". Pergunta estúpida, absurda mesmo, acho que ainda sei avaliar as minhas qualidades. Mas olho à volta, e a dúvida assalta-me: "se calhar há aqui qualquer coisa que me escapa...".
Sempre fui lutadora, sempre tentei lutar por aqui que queria, às vezes até à exaustão, às vezes mesmo quando já não havia mais por que lutar. Mas agora estou cansada. Já não me apetece lutar. Apetece-me deixar-me ir à deriva dos acontecimentos, tipo folha de árvore que caiu num rio de águas tumultuosas e que espera para ver onde a corrente a vai levar. Vejo tantas pessoas a quem as coisas caem na sopa, assim sem mais nem menos, e penso: "porque é que, por uma vez na vida, não pode cair-me uma coisa fixe na sopa, tipo um fio de natas, em vez de caírem moscas atrás de moscas?". Uma coisa. Não peço mais. Depois de tantas lutas perdidas, de tanta energia desperdiçada com batalhas vãs, só peço uma coisa fixe a cair-me na sopa; pode ser um fio de natas, um punhado de "croutons" (sabem, aqueles pedacinhos de pão frito que se põem nas sopas passadas) ou até um ovinho batido (como na sopa de tomate).
Sei que as coisas têm mais valor e outro sabor (rima inesperada) quando são obtidas com esforço, mas um presente da vida de vez em quando até que sabia bem. Tenho muitas coisas boas, e lutei por todas elas, e tenho orgulho disso. Mas parece que há coisas que têm que ser oferecidas pela vida, e parece que há pessoas que têm um íman para atraírem essas coisas. Eu acho que não tenho esse íman... Até podia ser o meu presente da vida, um íman para atrair coisas boas! Se funcionar tão bem como o "caçador de sonhos" que tenho por cima da cama...
Sei que a felicidade absoluta não existe, o que existe são momentos felizes, e eu consigo ter vários momentos desses com coisas que parecem não ter grande significado (planear ir comer um gelado depois do trabalho, receber uma chamada de um amigo de quem há muito não tinha notícias, ir ao cinema com os amigos). Mas às vezes isso não me chega...

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Direito de matar ou direito de morrer...?


Hoje de manhã ouvi nas notícias que finalmente autorizaram a retirada da alimentação artificial que mantinha viva, embora em estado vegetativo (será que estava mesmo viva?) uma mulher de 38 anos, Eluana Englaro. Fiquei contente, sou uma defensora acérrima da eutanásia; acho cruel prolongar uma vida que não bem uma vida, é um estado, é apenas estar ali, é apenas ser observado sem poder observar, é não ser autónomo, é precisar de uma máquina para respirar, para comer. Isso para mim não é viver.
Na famosa Wikipédia, a eutanásia (do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte") é definida como "a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.". Ou seja, acabar com um sofrimento que ninguém pode compreender, só mesmo quem está a passar por ele. Para mim, isso é um acto de misericórdia, não é um crime.
Claro que não é fácil tomar essa decisão. Quando o "enfermo" está consciente, a decisão é dele. Lembro-me da história de Ramón Sampedro, um espanhol que ficou tetraplégico num acidente e esteve 30 anos deitado numa cama. O caso dele comoveu-me, quando via as reportagens dele a pedir encarecidamente que o matassem porque ele não tinha força sequer para se suicidar, inconscientemente punha-me no lugar dele e tentava imaginar o que seria estar presa a um corpo inerte. Lembro-me de ele dizer que era uma cabeça presa a um cadáver e que já não queria viver assim. Era um homem na posse das suas faculdades mentais (embora admita que pudesse haver ali um toque depressivo) que não era capaz sequer de levantar um braço, quanto mais suicidar-se. Até para se suicidar precisava de ajuda! Ainda hoje me lembro de ver no Telejornal o jornalista anunciar que finalmente Ramón Sampedro tinha morrido, uma morte horrível por envenenamento com cianeto de potássio; não mereceria este homem uma morte digna, sem sofrimento? Não mereceria este homem partir em paz, serenamente, depois de 30 anos de sofrimento diário sem fim à vista? Infelizmente, a lei é clara e não é possível, pelo menos em Espanha, por fim à vida de um tetraplégico que não tem qualquer hipótese de um dia voltar a ser autónomo, e que está numa angústia psicológica brutal porque tem plena consciência disso.
Agora põe-se a questão de o "enfermo" não ter consciência de nada. Estar em coma, em estado vegetativo, apenas subsiste porque existem máquinas que o alimentam, que respiram por ele. A família vê-se a braços com uma decisão difícil. Eu sei, eu já passei por isso. Mas apesar da carga psicológica, acreditem que não é assim tão complicado como uma pessoa pensa. Basta pensar um pouco nas consequências de manter viva uma pessoa que está "morta"; eu era uma criança, o meu pai explicou-me da melhor maneira que soube e eu compreendi. E não hesitei em responder que era melhor desligar a máquina; porque compreendi que estar vivo não é só ter o coração a bater e os pulmões a oxigenar o sangue. Estar vivo é estar em contacto com o que nos rodeia, é poder reagir a um abraço, a um beijo, a um sorriso. De que serve ter o coração a bater se não se pode abraçar quem se ama e senti-lo bater mais depressa?
Apesar de defender a eutanásia, há uma coisa no caso da Eluana que me deixa apreensiva: os médicos apenas lhe vão retirar a alimentação e a hidratação. Ela vai demorar quase duas semanas a morrer, e vai morrer de fome e de sede. Ora, para mim isto não é bem bem eutanásia. O anestesista que acompanha o caso diz que ela não vai sofrer porque não tem actividade cerebral mas o facto é que vai ser uma morte lenta. E para mim a eutanásia devia ser uma morte relativamente rápida.
Recordo um filme, "Dead Man Walking", em que um preso é condenado à morte por injecção letal. Isto não é eutanásia? Porque é que dão uma morte indolor e rápida a um criminoso que matou não sei quantas pessoas à machadada e não mostra um pingo de arrependimento, e a uma desgraçada que está em coma há mais de 15 anos porque teve um acidente de viação deixam-na morrer à fome? Hum, sentimentos contraditórios apoderam-se de mim. Já não sei se estou assim tão contente por terem autorizado a retirada da alimentação artificial a Eluana Englaro.
O que continuo a defender é o direito a viver uma vida digna e autónoma, e quando isso não é possível, ao menos que se tenha direito a morrer com dignidade.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

"Wonder"


"lately i find myself
amazed at all around me
everything i see
like all of life's ablaze with light
that suddenly i see, only now i see

the wonder, the wonder of it all
wonder everywhere, more than we know
heaven's not up there, but on earth below

don't know if god exists
but there's some magic out there
so much we're not aware
and then sometimes suddenly i hear
a harmony sing, of each and everything

the wonder, the wonder of it all wonder everywhere, more than we know
heaven's not up there, but on earth below"

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Afinal não sou a única...


Não acredito muito em astrologia mas às vezes, quando não sei muito bem em que acreditar, até tenho curiosidade em ler as "previsões astrológicas". Seja qual for o profissional do ramo que eu consulte na internet, todos dizem o mesmo: 2009 é o ano do Aquário. Todos prevêm crescimento em todos os sectores e dizem que finalmente os Aquarianos irão colher os frutos de todo o seu trabalho e esforço. Gostava de acreditar nisso e vou tentar; what goes around comes around, pode ser que acreditando nestas previsões optimistas elas se concretizem.
Hoje estou num daqueles dias em que olho para o nome do meu blog e penso "Foi mesmo escolhido a dedo, pá!". Hoje estou mesmo na fase darkness... E é ainda pior quando olhamos à volta e vemos que não somos os únicos a estar assim, a modos que coisinho. Faz-me lembrar quando estava no 1º ano da universidade, cheia de vontade de me vir embora e não tinha coragem para o fazer. Foi só ver o pessoal da minha turma a debandar para fazer novamente os exames e tentar de novo a sua sorte que a coragem apareceu logo, assim, zás!, em menos de nada. Bastou um telefonema para o meu pai, arrumar o essencial, ir até casa e explicar os meus motivos. Na semana seguinte estava a abandonar a Universidade e a voltar a estudar para os exames.
Não é segredo para ninguém que me conhece que sou uma inconformada; pronto, não me posso queixar mas o ser humano é, por natureza, insatisfeito e quer sempre mais e mais e mais. Há muito tempo que me sinto assim, presa a uma rotina que já não me preenche, e a desejar muitas vezes não ter nada, para assim poder arriscar mais. Porque tendo em conta a maneira como as coisas estão, só mesmo um louco é que decidiria largar tudo o que tem por uma possível aventura. Sim, eu tenho noção que sou privilegiada mas não me sinto realizada. E não sei se vale a pena trocar a realização pelo privilégio...
Hoje tive noção que não sou a única. Que há outras pessoas à minha volta que, apesar de serem também elas privilegiadas, também não se sentem realizadas. Que têm outros planos para a sua vida. Que querem fazer outras coisas. Que não querem fazer o que fazem o resto da sua vida. Afinal não sou a única...
Eu nunca deixei de procurar a minha realização profissional, embora não consiga definir exactamente o que quero fazer e onde o quero fazer. Já tive fases de procura activa que em nada resultaram, e fases de procura passiva, em que pura e simplesmente esperava que alguma coisa aparecesse no horizonte. Mas hoje bastou alguém à minha volta exprimir em voz alta aquilo que eu sinto para me encher com aquela coragem que eu senti no dia em decidi voltar a fazer os exames. E decidi voltar à fase de procura activa. Com um problema adicional: já não estou tão livre. Assumi compromissos que me "prendem" um pouco, embora NUNCA definitivamente. Mas que me fazem olhar para trás e pensar 2 ou 3 vezes.
Não gosto muito de olhar para trás mas assusta-me ainda mais olhar para a frente. Não saber o que lá vem. Não saber se o conseguirei enfrentar. Não saber quais serão as consequências dos meus actos. Depender dos "ses" que governam este mundo. "Se eu fizesse assim, acontecia assado". Ah, se ao menos soubessemos o que é "assim" e "assado"...
O passado é um país distante onde vagueiam pessoas que nos parecem familiares mas o futuro é um continente inexplorado povoado de completos desconhecidos. Podemos ter sorte e encontrar pessoas porreiras ou ter o azar de dar de caras com autênticos anormais que nos vão fazer a vida negra. Seja como for, há que receber o futuro de peito aberto, para o que der e vier.
Só espero que os profissionais da astrologia tenham razão e que este ano seja mesmo mesmo bom para os Aquarianos. Pelo menos está a ser bom numa coisa: percebi que afinal não sou a única.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Houve festa em Aveiro! E que festa...!


Pois é, mais um ano... Mais uma vez sinto que estou a abrir um caderno novinho, com folhas brancas a pedir para serem escritas. Vamos lá a ver escrevo com uma letra bonita e sem erros ortográficos.

Posso dizer que o ano começou bem. Depois do Natal dei comigo a pensar " é desta que fico em casa a ver filmes na noite da passagem de ano", embora já tivesse marcado férias para essa semana e estivesse com vontade de ir para fora. O pessoal alinhou e aí fomos nós, a caminho de Aveiro. É curioso como passei tantos anos em Aveiro a querer vir embora e agora tenho passado as noites mais divertidas lá. Realmente a idade muda uma pessoa...
Foi uma festa porreira, com gente gira e um ambiente fantástico. O Alvim é um senhor, carago!, nunca pensei que fosse assim; geralmente quando se vai com grandes expectativas a desilusão é maior do que quando não se espera nada. Eu ia com alguma expectativa mas garanto que não me desiludi nada, embora a certa altura, durante o jantar, tenha sido assaltada pelo receio de a noite ser uma banhada. Tudo bem, no verão de 2007 tínhamos ido passar uma noite em Aveiro e tinha sido altamente, mas "o que foi não volta a ser/mesmo que muito se queira", como dizem os Xutos & Pontapés, e desejar que a noite fosse igualmente boa ou, quem sabe, melhor, era esticar um pouco a corda... ou não!
A festa foi espectacular, a companhia foi excelente e a música foi do melhor! Toda a gente sabe que o Alvim tem a mania de passar a música do D'Artacão, e para mim era um dos (esperados) pontos altos da noite (como vêm, as minhas expectativas eram realmente baixas); mas ver malta na casa dos 30 a cantar "Era uma vez os três/ os famosos Moscãoteiros" a plenos pulmões foi lindo, muito para além do que eu poderia esperar.
Foi um início de ano fantástico, com animação e boa disposição. Fartei-me de dançar, não toquei numa pinga de álcool (a não ser o belo champanhe para brindar ao novo Ano) e consigo lembrar-me de tudo; não houve música que eu não conhecesse, que não cantasse, que não dançasse.
E dei comigo a pensar que afinal não é assim tão mau estar na casa dos 30; viver a adolescência ao som de Xutos, Smashing Pumpkins, Guns 'n' Roses foi bem melhor do que vivê-la ao som dos D'Zert ou das Play Girls ou lá como elas se chamam.
Já há muito tempo que não tinha uma passagem de Ano tão porreira e tenho esperança que seja um prenúncio de um ano bom.
As primeira páginas do caderno "2009" começaram a ser escritas com letra bonita e sem borrões, vamos ver se assim se mantém...