terça-feira, setembro 29, 2009

"I think I'm broken. Can you fix me...?"


Sempre tive um certo fascínio pelo karma. Escrevi posts sobre isso, sobre a sua influência inabalável na vida de uma pessoa; depois achei que se calhar até podia reverter um mau karma (que sempre achei que tinha) e comprei um livro sobre isso. Li o livro, achei-o muito interessante, tentei pôr algumas das "dicas" em prática mas é tudo muito bonito, do ler ao fazer vai uma grande distância.
Agora acho que estou "noutra fase da minha vida" e já mudei um pouco a minha ideia sobre esse tema. Em conversa com uma amiga psicóloga (conversa esta que já decorreu há uns bons meses) em que falávamos sobre acontecimentos/comportamentos repetitivos na vida de uma pessoa, ela deitou por terra a minha teoria do karma. Segundo ela, todas as situações que nos parecem quase um dejá vu não se devem a nenhuma entidade como o karma, mas sim a erros repetitivos de comportamento. Na altura tentei esgrimir argumentos com ela (cheguei à conclusão que não é fácil esgrimir argumentos com uma psicóloga) e disse-lhe que não podia ser, que tinha que haver alguma entidade superior que nos empurrasse para aquelas situações, que estava escrito algures nas estrelas ou em qualquer outro corpo celeste que uma determinada pessoa estava "condenada" a uma vida de fracasso profissional ou emocional. Ela manteve-se fiel à sua teoria: erros comportamentais repetitivos.
Não voltei a pensar nisso, ela que "fique com a bicicleta", o karma é que tem culpa e a resignação é o que nos resta. Mas agora que penso nisso (o tempo de chuva dá-me para isto, a melancolia começa a surgir...) tenho que dar alguma razão à minha amiga psicóloga. Realmente é muito mais fácil pôr as culpas no karma quando alguma coisa não corre como nós queremos, é difícil olharmos para dentro de nós e descobrir que afinal a causa de todo o sofrimento por que passamos somos nós próprios. É difícil porque supostamente seria muito mais fácil acabar com esse sofrimento, afinal se somos nós que o provocamos, é só querermos e acabamos com ele; muito mais simples do que seria se a causa fosse algum agente externo, fosse ele terreno ou celeste. Mas o problema reside precisamente aí: porque é que, se somos nós a causa de todo o sofrimento por que passamos, não conseguimos acabar com ele?
Claro que tenho uma resposta para isso, mas envolve forças ocultas e invisíveis, e acabamos por voltar ao mesmo... De qualquer maneira, acho que maus pensamentos atraem coisas más; se uma pessoa é um fracassado profissional, vai ter sempre uma atitude derrotista e essa atitude vai atrair ainda mais fracasso. Não é à toa que quando nos sentimos bem, parece que as coisas boas vêm todas ter connosco. A atitude com que enfrentamos a vida dita, em certa parte, o rumo que esta toma.
É evidente que nem sempre se consegue ter uma atitude positiva para com a vida quando esta insiste em não correr da forma que nós desejaríamos, é o efeito "bola de neve" e quebrar esse ciclo vicioso é tramado. Mas há que conseguir. A bola de neve também se desfaz quando bate numa pedra. O facto de termos tido uma indigestão depois de comermos uma feijoada não significa que cada vez que comermos uma feijoada vamos ter uma indigestão.
Acho que o meu comportamento repetitivo é pensar que consigo "arranjar pessoas estragadas" por algum acontecimento menos bom nas suas vidas . Devo pensar que tenho uma espécie de "toque de Midas" ou de dedo terapêutico do E.T. e que consigo acabar com o sofrimento de uma pessoa. É quase como se pensasse que posso mudar o Mundo, acabar com a guerra e com a fome e com a pobreza e com a solidão. E quanto mais "estragada" uma pessoa está, mais eu me empenho em "arranjá-la". Claro que esse empenho não é recompensado, eu não sou uma "mecânica de pessoas" e não consigo "arranjá-las". Acabo por me afastar e resignar-me a aceitar mais um falhanço na minha missão de "arranjar pessoas".
E chego à conclusão de que eu própria sou uma "pessoa estragada"; o meu comportamento repetitivo é tentar arranjar "pessoas estragadas" porque eu própria quero ser "arranjada". Sei que isto é um pouco rebuscado, mas faz algum sentido. Ou não faz?

Parafraseando (que bela palavra!) Carlos Drummond de Andrade, "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

domingo, setembro 27, 2009

A "provavelmente melhor noite do ano"!


Este post poderia ter o título alternativo "A todos os que marca(ra)m a minha vida" mas seria um título muito melodramático e piroso, embora o facto de não ser esse o título não impeça que o próprio post seja melodramático.
Não, não é uma despedida das lides bloggistas; eu gosto de escrever, sempre gostei, e de facto alivia a alma. Às vezes a fluidez na escrita é muito maior que a fluidez na fala; talvez seja um "aliviar de alma" cobarde mas serve.
É Domingo, mais um Domingo depois de um fim de semana cheio, e mais uma vez a sensação de vazio apodera-se de mim. É o ver partir os amigos, aqueles que marcaram e que fazem parte da minha vida, e sentir um aperto no estômago. Mas já me vou habituando, a vida é feita disto mesmo, de partidas e regressos; e enquanto existirem regressos estamos nós bem.
Fui à praia (mais uma vez), senti a areia nos pés, a àgua salgada a bater nos tornozelos e o sol a queimar na pele. A última vez este ano. E talvez por isso tenha sentido isso tudo de uma maneira diferente.
A noite foi mais uma vez animada, as pessoas fazem a festa quando estamos com quem nos sentimos bem. Foi uma noite completamente improvável, como diria uma amiga minha, "uma noite completamente sinceramente!"; acabámos a noite (ou começámos o dia?) numa pastelaria chamada "Flor de Cantanhede" (porque será que em todas a terras há uma pastelaria/padaria chamada "Flor do/a/e (nome da terra)"?) a comer sandes de fiambre em pão quentinho acabadinho de sair do forno, acompanhados com o motivo da nossa deslocação a Cantanhede: nada mais nada menos que o próprio Fernando Alvim!!
Acho que são estes momentos que nos marcam, este partilhar de experiências, o rir e chorar juntos. Olhei para as pessoas que estavam na mesa, algumas já as conheço há mais de uma década, outras conheço-as há menos tempo mas já fazem parte do grupo de "pessoas que marcaram a minha vida", e senti-me bem. Senti-me unida a elas, cúmplice naquele momento que partilhávamos, já ao raiar do dia.
Realmente não são só os momentos que nos marcam, as próprias pessoas também o fazem, muitas vezes sem o saberem. Quantas vezes não teremos nós marcado a vida de alguém sem sabermos, quantas vezes não teremos sido motivo de alegria ou de tristeza (faz parte da vida...), quantas vezes não teremos sido o último pensamento de alguém antes de adormecer ou o primeiro ao acordar. Muitas vezes não temos noção do impacto que temos na vida das outras pessoas, a importância que elas nos dão, a importância que elas próprias têm para nós. Se tivéssemos essa noção, talvez déssemos mais importância a nós próprios e talvez fizéssemos mais para sermos merecedores dessa importância.
Não é fácil exteriorizar sentimentos, ao expormos assim o nosso interior sentimo-nos mais fragilizados e com maior tendência para ferir quem se atrever a espreitar.No entanto, acho que não há que ter medo dessa exposição, pois não é vergonha nenhuma mostrar preocupação e carinho por alguém. Nós somos animais sociais, temos que ter contacto humano; é claro que muitas vezes esse contacto magoa, mas não podemos ter medo dele, nem todo o contacto termina em ferida.
Muitas vezes não é fácil lidar com essa importância que os outros nos dão, temos alguma tendência para "não ligar nenhuma" e deixar andar, "logo lhe passa". Erro crasso. Nunca devemos deixar ao "Deus dará" um sentimento como esse, se alguém nos dá importância devemos pelo menos ser merecedores dela; isso não significa que retribuamos, mas que ao menos não a ignoremos.
Dei conta disto este fim de semana; tenho uma certa tendência para não mostrar o que sinto e sempre pensei que "era problema meu", que ninguém se ia importar. Mas não; as pessoas importam-se, as pessoas vêem para além da pele, espreitam para o nosso interior; pelo menos aquelas que marcam a nossa vida todos os dias. Este fim de semana aprendi também que é preciso não ter medo de falar com essas pessoas, que mesmo que aquilo que tenhamos para dizer até as possa magoar vamos sempre ter importância para elas. É por tudo isso que elas nos marcam. Todos os dias. Toda a vida.

P.S. - Talvez este texto esteja um pouco confuso, mas tendo em conta as singelas 4 horas de sono que tenho em cima, é fácil perceber que fluidez é coisa que neste momento não existe nas minhas circunvalações cerebrais. Mas (acho que) o contéudo está lá.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Vírus "travestido"?


Telejornal de hoje: "A primeira vítima mortal do vírus da gripe A H1N1 morreu de infecção bacteriana generalizada". Ou seja, a primeira vítima mortal do H1N1 não morreu da infecção por H1N1. É de mim, ou há nesta notícia uma certa bipolaridade...? Ou será que o vírus H1N1 já ascendeu à condição de bactéria?
Esta notícia irritou-me. Não sei porquê, mas fiquei mesmo irritada. A comunicação social tem como papel informar a sociedade, não "desinformá-la", que é o que parece que estão a fazer.
A história da "primeira vítima mortal do vírus H1N1": emigrante em França, transplantado renal há 14 anos, começa a fazer rejeição do orgão. Desenvolve uma infecção abdominal grave, que degenera em pneumonia. É internado na UCI do hospital de S. João do Porto, onde estão internados doentes com gripe A; o que acontece? Apanha gripe A. Passados uns dias, acaba por morrer. De quê? De gripe A. E a tal infecção abdominal grave que o levou à UCI? Não tem nenhum papel? Não, o mau da fita é o H1N1. Vamos todos encharcar-nos de Tamiflu e imunizar-nos com vacinas feitas "à pressão" para que o mauzão do vírus H1N1 não nos faça mal.
Vem a ministra da Saúde fazer o anúncio da primeira morte causada pelo vírus H1N1; logo a seguir há uma conferência de imprensa no S. João, onde a responsável pela UCI desmente que a causa da morte tenha sido a infecção pelo H1N1, tendo sido a infecção bacteriana generalizada (septicémia) a responsável pela falência dos orgãos do paciente.
Até aqui tudo bem, é necessário fazer autópsia para saber em concreto a causa da morte de uma pessoa, e quando a ministra fez o anúncio ainda não estaria na posse de todas as informações (digo eu...). Mas a partir do momento em que a responsável da UCI do S. João vem a público esclarecer quais as causas da morte, porque é que esta notícia continua a ser dada sob o cabeçalho "Gripe A"? Por acaso a televisão tinha o som baixo, mas se calhar a notícia foi mesmo dada como uma amiga minha sugeriu: "imagino que foi dito bem alto: "A 1A VITIMA MORTAL DO VIRUS DA GRIPE A MORREU ... (e depois num tom mais baixinho) de infecção bacteriana generalizada"...". Já está claro que não foi o vírus H1N1 que matou o senhor, por favor tirem aquele cabeçalho quando falam neste caso. O senhor morreu de uma septicémia, coisa que acontece a milhares de pessoas no Mundo. Não alarmem as pessoas. Chamem as coisas pelos nomes.
Vírus e bactérias não são a mesma coisa, embora a maneira como as notícias estão a ser dadas assim dê a entender. Infecção bacteriana generalizada provocada por um vírus? Qualquer dia vêm dizer que os antibióticos é que são bons para matar o H1N1, qual Tamiflu qual carapuça. E com jeitinho basta encher uma malga com água e um punhado de sal, deixar à cabeceira da cama durante 3 dias e depois deitar essa água pela cabeça abaixo, repetindo três vezes "viruzinho, viruzinho, vai para aquele vizinho!" para ficarmos imunes a todas as maleitas. Claro que pode dar-se o caso de o H1N1 ter-se "travestido" para bactéria, porque a vida dos vírus é uma seca, as bactérias são muito mais fixes, pelo menos são mais complexas e têm metabolismo e não precisam de outras células para se reproduzirem, enquanto que os vírus não passam de uns pedaços de RNA ou DNA com uma cobertura sem graça. Aí sim, acredito que o vírus H1N1 "travestido" para bactéria tenha causado a tal "infecção bacteriana generalizada".

domingo, setembro 20, 2009

Banda Summer Sessions End 09 ou "E pronto, já se foi o verão..."


Parece que o final do Verão já lá vem. E como sempre, os Chocalhos marcam essa viragem no calendário das estações do ano. Este ano com uma variante: a câmara municipal pôs à disposição dois autocarros gratuitos para transportar os "chocalheiros" até Alpedrinha, evitando assim os engarrafamentos provocados pelos "transumantes" que pretendem estacionar. Ou não... Foi giro ir no autocarro; estive uma hora na paragem à espera porque já não tinha lugar no autocarro das 23h e quando finalmente embarcámos, ia cheio de putos com litrosas na mão e uma grande dose de imaturidade (própria da idade) que se manifestava nos gritos e atitudes, claro está, imaturas.
Quando lá chegámos, lá levámos o famoso "banho de gente"; conversa-se com este e com aquele, encontram-se pessoas que não vemos há anos.
Mas este ano, a despedida do Verão teve outro requinte: teve direito a festa com DJ e tudo! A Banda Summer Sessions End 09 foi uma séria concorrente do Sasha Summer Sessions, mas em bom! Houve anjos de asas negras, bailarinas insufláveis com saias havaianas, karaoke, música dos anos 70, 80 e 90, comida e bebida com fartura, plumas e máscaras, cenas sado-maso com "pom-pons" de fitas prateadas, D'Artacão, Tom Sawyer e Michael Jackson, acantonamento na sala de jantar com colchões tripartidos e sacos cama, almoço ao som de música pimba. Só faltaram mesmo os anões, os cavalos e os homens nus!
O Verão foi tão em cheio que mereceu uma despedida em grande; é o adeus dos (muitos) dias passados na praia, das "bolas de berlim da d. Aurora, que têm o creme por dentro e o açucar por fora!", dos gelados de bola a pingarem para cima da roupa, do sol a queimar até às 19h, do cheiro a protector solar, do cheiro a mar, do cheiro a férias.
Foi boa, a despedida, embora as despedidas, por norma, não sejam boas. Fica sempre a saudade, mas como dizia Gabriel García-Márquez, "não chores porque acabou, sorri porque aconteceu". E eu sorrio a este Verão, que foi cheio de sol, mar, bolas de berlim, amigos e noites divertidas, sorrio com os dentes todos que tenho na boca e com a esperança que mais verões assim virão.
Agora fica o vazio do Outono, a estação mais melancólica das quatro estações; é o adormecer da Natureza, como se o Verão fosse hibernar para ganhar forças. E espero que para o ano que vem o Verão venha com energia renovada e que seja pelo menos tão bom quanto este.

P.S. - Rai's partam os Domingos, principalmente depois de um fim de semana tão cheio como este, um daqueles fins de semana que quando acabam deixam uma sensação de vazio e a triste percepção de que aqueles de quem gostamos e com quem nos sentimos bem estão longe.