quinta-feira, abril 23, 2009

A desilusão do falhanço ou em busca da ADSE perdida


Sou uma lutadora. Quem me conhece sabe que não sou de ficar à espera que as coisas me caiam no colo. Não é do meu feito, pronto.
Há umas semanas levantou-se a questão de ter ou não direito à ADSE, isto é, assistência na doença aos servidores civis do estado. Embora trabalhe para uma instituição pública não sou funcionária pública, não pertencendo portanto aos quadros do Estado. E pelo que consta no meu contrato, também não sou agente do Estado (seja lá o que isso for). No entanto, havia coisas na legislação que eu tive a coragem de consultar (ia dando em maluca com tanta lei, decreto-lei, artigos...) que, à luz da minha interpretação de leiga, me diziam que eu podia ter direito à ADSE, a saber: "Todos os trabalhadores que, nos termos dos artigos 1.º a 3.º da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, exerçam funções públicas, independentemente da modalidade de constituição da sua relação jurídica de emprego público, e que não se encontrem abrangidos por qualquer outro subsistema de saúde integrado na Administração Pública.". Ora analisando a coisa, vejo que:

1º - sou trabalhadora (e muito!);
2º - exerço funções num organismo público;
3º - não estou abrangida por nenhum outro subsistema de saúde sem ser a Segurança Social.

Quando vi isto pensei logo que iria ter direito e, munida da papelada toda que reuni, lá me dirigi à secção de Recursos Humanos, disposta a provar por A+B que tinha direito à ADSE. Balde de àgua fria: é tudo verdade mas o hospital não é um organismo público, é uma empresa do Estado. Todas estas permissas são aplicadas a organismos públicos, coisa que o hospital pelos visto não é.
Fiquei mesmo desmoralizada; levantei-me, meti os meus papeluchos debaixo do braço e o rabo entre as pernas, e fui trabalhar, que é para isso que me pagam. Mas ia pelo corredor cheia de revolta. Custa ver colaboradores que trabalham no mesmo espaço físico e que são pagos pelo mesmo patrão terem direitos tão diferentes.
Custa muito levar uma nega mas pelo menos não fico a pensar nisto. Isto agora incha, desincha e passa. Mas pelo menos fui lá e falei! Saí de lá perfeitamente esclarecida mas mesmo assim ainda vou mandar um mail para a direcção da ADSE.
É triste falhar, mas mais triste ainda é não tentar! O não é sempre garantido, não custa nada ir à procura do sim.

segunda-feira, abril 20, 2009

Quem procura sempre acha?


Hoje fui à procura de um livro. Ia fisgada em comprar "O Leitor", de Bernhard Schlink; vi o filme no sábado à tarde e achei que seria boa ideia investir no livro. Entrei na loja e comecei a percorrer os corredores com os pés e as prateleiras com os olhos. Destaques, top livro, literatura estrangeira e nada. De repente, numa prateleira baixinha lá o vislumbrei. Desilusão, era tão fininho, umas míseras 144 páginas! Depois de um filme de duas horas estava à espera de um livro mais... robusto, um calhamaço mesmo. Claro que não é o tamanho que importa, mas sim o prazer que nos proporciona, mas o facto é que não comprei o livro.
Enquanto o procurava, dei comigo a pensar que era infinitamente mais fácil pedir ajuda ao colaborador da loja (ainda demorei uns bons 10 minutos a encontrá-lo), mas eu sou como os homens quando se trata de pedir indicações sobre o caminho para um sítio qualquer, prefiro demorar mais mas conseguir sozinha! De facto, as coisas que obtemos por nós próprios têm outro sabor; não nego que toda a gente precisa de ajuda de vez em quando, mas só depois de muita luta e de falhanço total. O facto de termos sempre alguém que nos ajude a fazer tudo pode fechar muitas portas; se eu tivesse pedido ajuda ao colaborador da loja não teria continuado a olhar para as prateleiras e não teria encontrado o livro que acabei por comprar: "Bom Karma - como obter e manter". Há tanto tempo que me questiono sobre essas coisas do karma e nunca pensei que viria a encontrar um livro que pudesse responder a muitas dessas questões. Claro que não me vai tirar todas as dúvidas (se calhar nem me vai tirar nenhuma) mas vai, pelo menos, satisfazer-me a curiosidade acerca deste assunto. Queria tanto fazer uma limpeza de karma, agora já não preciso de recorrer à tal "lavandaria esotérica", posso fazer uma sabonária em casa.
De facto, às vezes procuramos tanto uma coisa e não a encontramos, e quando menos esperamos, aquilo que procuramos é que nos encontra.

sábado, abril 18, 2009

E já lá vão 4 anos... (faz de conta que é dia 26 de Março de 2009)

Agora que aprendi a pôr vídeos no blog não quero outra coisa! Isso e o facto de não andar muito inspirada para escrever, às vezes é difícil organizar ideias e traduzi-las em palavras. Além do mais, e tendo em conta que o meu cantinho fez anos em Março, fica aqui a minha prendinha. É a origem do meu nick no blogger.
Faz de conta que hoje é dia 26 de Março de 2009. :)


terça-feira, abril 14, 2009

O poder da música

Esta é uma das minhas músicas preferidas de Lamb. A qualidade do som e da imagem não são as melhores mas não existe vídeo oficial. Incluí a letra num post de 2006 ("The way you made me feel") mas não há nada que chegue à força da música! Como diria Nietzsche, "Without music, life would be a mistake."

sábado, abril 11, 2009

"He´s not just that into you"


Ontem fui ao cinema ver um filme "de domingo à tarde", apesar de ser sexta feira à tarde. O título era sugestivo do tipo de filme, bem como do seu conteúdo, e por isso mesmo fui vê-lo. Por isso e por não haver nenhum filme na matiné que não fosse "de domingo à tarde".
Título do filme: "Ele não está assim tão interessado". Está-se mesmo a ver o género de filme: relações humanas, sinais mal interpretados, o quotidiano. Se tentarmos ver a coisa de um prisma menos crítico, quase que podemos tirar algumas lições em termos sociológicos. Posso dizer que aprendi algumas coisas, embora a maior parte das "lições" eu já tivesse tido na escola da vida (dramático! eheheh!), como levar uma tampa, por exemplo, e obtido aproveitamento com distinção!
O filme resume-se, basicamente, a um "guia" sobre os sinais que os homens dão quando conhecem uma mulher e revelam se ele ficou interessado ou não. Sei que os homens não são todos iguais, mas lá bem no fundo, são. O fundo genético, o instinto é igual. Está-lhes na "massa do sangue". E realmente há muitas coisas que fazem sentido.
Apercebi-me que os homens vêm as coisas de uma maneira muito mais simples, e que realmente as mulheres tendem a dramatizar as situações. De uma coisa de nada fazem um filme gigantesco (eu sei, eu já os fiz...) e que isso costuma dar mal resultado. E isso fez-me pensar. Fez-me perceber algumas coisas que estavam há muito tempo por esclarecer na minha cabeça. Se calhar se as mulheres pensassem um pouco, mas só um pouco, como os homens, as coisas talvez funcionassem de uma maneira mais simples. Podia perder-se um pouco da magia, que também é importante, mas talvez se evitassem algumas desilusões.
Também falavam no facto de ser sempre o homem a dar o primeiro passo; há homens que dizem "ah e tal, somos sempre nós que temos que tomar a iniciativa, porque é que não podem ser as mulheres a fazê-lo"; se formos ver bem, realmente se o homem não toma a iniciativa é porque não estará muito interessado. E se a mulher vê isso talvez se sinta insegura em ser ela a tomar a iniciativa. Resumindo: é muito complicado!
Por mais que as pessoas tentem perceber o que vai na cabeça de cada um, as pessoas têm vivências diferentes e reagem de forma diferente. Há pessoas que podem já ter sido rejeitadas inúmeras vezes mas lambem as feridas, recuperam e voltam à carga, tomam a iniciativa, não têm medo da rejeição porque já se habituaram a lidar com ela; há outras que não conseguem tomar a iniciativa e preferem perder a oportunidade de ser bem sucedidas (ou não) a tentar uma aproximação. Como diria Shakespeare, "E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!". E como diria eu, "quem quer vai à luta!". Esta frase foi-me "cuspida" com algum desdém por alguém que já fez parte da minha vida e que nunca se poderia ter queixado de falta de luta da minha parte. Enfim, são águas passadas e que já vão bem longe, mas essa frase ficou-me na cabeça. E realmente é verdade, quem quer uma coisa tem que lutar por ela. Não podemos esperar que as pessoas entrem na nossa cabeça e no nosso coração, não podemos esperar que adivinhem o que sentimos ou o que pensamos. Às vezes nós próprias não damos os melhores sinais. Sei que é difícil abrirmos o nosso mundo mais íntimo e pessoal a alguém, mas se não o fizermos podemos correr o risco de passar ao lado de alguma coisa boa. Também corremos o risco de levar (mais) uma tampa mas acho preferível levar a nega do que ficar a pensar nisso o resto da vida "E se eu tivesse...?"
De facto, apesar de ser um filme "de domingo à tarde", que normalmente não necessita do uso do cérebro, deixou-me a pensar. Infelizmente não levámos nenhum homem connosco que nos pudesse dar umas deixas sobre a veracidade do que foi ali retratado, mas muitas daquelas coisas fazem sentido. Ou não farão? Hum... :)

domingo, abril 05, 2009

English Club - o renascer da fénix? Nã...


Como prometido, aqui vai o post sobre o English, a melhor (e única!) discoteca da terrinha. E porquê agora? Porque na sexta-feira, dia 3, foi tentada uma manobra de reanimação da dita, tipo massagem cardíaca ao som de muita martelada (leia-se house music).
Sendo a única discoteca do Fundão, o English sempre foi o ponto de convergência de toda a gente, novos e menos novos, a partir das 2h da manhã, hora a que o senhores agentes da GNR (agora GNR - Comércio Seguro) fazem a ronda para ajudar a esvaziar os bares mais depressa, num gesto de "solidariedade" para com os donos e/ou empregados dos ditos bares.
Há uns anos atrás, o English Bar (agora English Club) era uma discoteca de referência; vinha gente de tod'a Beira Baixa sacudir o esqueleto à nossa humilde discoteca, também famosa pela feijoada à sexta-feira. Era um local de convívio e muitas vezes os pais acompanhavam os filhos nessas saídas; os pais ficavam no bar do rés-do-chão, os filhos iam pintar a manta para as pistas (sim, tinha 2 pistas!).
Famosas eram as noites da saudosa e extinta FACIF, em que no sábado de encerramento, a discoteca enchia até ficar quase a rebentar pelas costuras e era loucura total! Ainda guardo recordações de uma FACIF em que o concerto do último sábado foi Xutos&Pontapés; não cabia mais uma alminha no English, dizem que os próprios Xutos andavam por ali a encanar cervejas, e o ambiente estava ao rubro! Havia pessoas em cima dos muros que rodeavam a pista nova (conhecida como "banheira" devido aos seus fabulosos mosaicos brancos), pessoas em cima das cadeira e parece-me (não juro) que também havia pessoas em cima de algumas mesas. O facto é que estava tudo animadíssimo e foi de facto uma noite memorável na história do English (Bar, na altura).
Como essa houve tantas outras noites, não era preciso motivo para haver festa no English. A desculpa em casa (estamos a falar do tempo da adolescência) era a festa de anos de amigos, alguns dos quais festejavam o anivesário várias vezes ao ano. Ou o fim das aulas. Ou o início das aulas. Ou o facto de estarmos a meio do 2º período. E as famosas matinés do English, com a sua festa da Porca e do Parafuso, em que entregavam à entrada uma porca às meninas e um parafuso aos meninos. O objectivo era encontrar o parafuso que encaixasse naquela porca, e assim era ver rapazes e raparigas tentarem encaixar os seus parafusos e as suas porcas (hum...). Quando encontrassem o par iam ao bar e recebiam uma bebida grátis ou outro presente qualquer (francamente não me lembro, nunca andava à procura do parafuso... era muito tímida). Também me lembro da festa do Graffiti, em que as paredes estavam forradas de plásticos gigantesco e o pessoal fazia graffitis com tintas que brilhavam no escuro. Isso é que eram tempos!
Depois o pessoal cresceu, acabou o liceu, foi para a universidade, e o English passou a ser o ponto de encontro nas férias de Natal, Carnaval, Páscoa e de Verão. Mesmo que uma pessoa saísse de casa sozinha, sem combinar nada com ninguém, sabia que se fosse ao English ia encontrar lá o pessoal todo. Era dado adquirido que início de férias dava direito a ida ao English no sábado. E era fixe encontrar pessoal com quem já não se estava há meses; nessas noites passava-se mais tempo a conversar e a beber do que a dançar. E as noites continuavam mesmo depois da discoteca fechar: ia tudo em romaria (no verdadeiro sentido da palavra!) até à estátua da Nossa Senhora de Fátima (carinhosamente apelidade de Santa), na Serra da Gardunha. O álcool ajudava à locomoção (ou não!) e viam-se grupos de pessoas pela estrada acima para abancar nas escadas que ladeiam o dito monumento. E a noite terminava de manhã, com o fantástico nascer do sol e o debandar do pessoal para casa ou para o parque de campismo, que fica mesmo ali ao lado.
Com o tempo foi necessário modernizar o velhinho English, que foi remodelado e transformado numa discoteca insípida e branca, nada a ver com o English "old school", escuro e tenebroso, mas sempre tão animado!
A mudança de visual do velhinho English roubou-lhe a alma, e o English começou a estar vazio daquelas pessoas que lá iam para se reverem. Havia outras, mas pessoas estranhas, que eu não conhecia. O pessoal deixou de ir ao English.
Claro que ainda existem os resistentes, o pessoal que insiste em ir quando vêm as férias, sempre na esperança de reencontrar os amigos. Mas nunca reencontram ninguém.
Por isso, quando nesta sexta feira anunciaram um DJ set "Mr. Lemon e Mr. Marrusso" a prometer "let´s rock and electrify", eu fiquei com vontade de ir. Era início de férias da Páscoa, podia ser que, pelo menos uma vez, o English voltasse a ser o que era. Estive quase a desistir mas lá fui arrastada para lá, sempre com a esperança de que não me fosse arrepender. Já lá não ia há uns bons meses, e enquanto entrava e subia as escadas pensava que ia ser uma noite bem fixe. Mas quando entrei na pista, a expectativa deu lugar à desilusão. Embora estivesse uma casa compostinha em termos de quantidade de gente, o som não era bem o que eu estava à espera. Resumindo: defraudou as minhas expectativas. Aguentei a meia hora da praxe, paguei uma cerveja do meu cartão a um amigo, dei mais meia hora para não parecer mal, e fui para casa.
Tinha a ideia de que o English seria como a fénix, podia ter sido queimado mas iria renascer. Agora acho que não, acho que o English perdeu a sua alma, e quando os lugares perdem a alma dificilmente voltam a ser o que eram.

quarta-feira, abril 01, 2009

"Some days are better than others"

Há dias em que gostava de passar total e completamente despercebida. Sem que ninguém reparasse em mim, na minha expressão, no meu silêncio.
Gostava de poder dizer as coisas sem ser por meias palavras, gostava de chamar as coisas pelos nomes, agarrar o touro pelos cornos.
Gostava que o meu olhar conseguisse transmitir de forma inequívoca o que me vai na alma, gostava que a tristeza ou a alegria que deles irradia pudesse ser captada, gostava de não precisar de palavras para dizer o que sinto.
Gostava que o meu toque conseguisse transmitir o carinho, o afecto, a paixão, para que nunca restassem dúvidas do porquê de estar ali e não noutro lado qualquer. Gostava de deixar de desejar repetir o irrepetível.
Há dias assim. Felizmente, hoje não é um desses dias!